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Jornalista e político, Sebastião Nery deixa legado como narrador-personagem da história política brasileira

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Jornalista e político, Sebastião Nery deixa legado como narrador-personagem da história política brasileira

Sebastião Nery estava no centro das notícias quando Getúlio Vargas suicidou-se, quando se deu o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart e quando Jânio Quadros renunciou

Jornalista e político, Sebastião Nery deixa legado como narrador-personagem da história política brasileira

Foto: Metropress/Tácio Moreira

Por: Nardele Gomes no dia 26 de setembro de 2024 às 00:57

Atualizado: no dia 26 de setembro de 2024 às 10:38

Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 26 de setembro de 2024

Morreu na madrugada desta segunda (23) Sebastião Nery, jornalista, filósofo, escritor e político brasileiros. Sebastião Nery era baiano, nascido em Jaguaquara, em 8 de março de 1932. Sua atuação como jornalista começou em janeiro de 1952, em Minas Gerais. Trabalhou em jornais e emissoras de rádio e televisão de Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Foi correspondente internacional em Moscou, Praga, Varsóvia, Portugal e Espanha. Atuou como adido cultural do Brasil em Roma e em Paris.

As histórias que Sebastião Nery contou ao longo de 92 anos de jornalismo, literatura e atuação política, não foram apuradas numa redação, nem no computador, não vieram através de terceiros. Ninguém contou, ele viu. Como um narrador-personagem da história política brasileira, Sebastião Nery estava no centro das notícias quando Getúlio Vargas suicidou-se, em 1954. Dez anos depois, quando se deu o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, Nery também estava. Ele ainda estava presente no centro da cena na renúncia de Jânio e também viu políticos e intelectuais de esquerda deixaram o país, no exílio. Muitas dessas histórias foram contadas na Rádio Metropole durante anos de colaboração como comentarista e entrevistado.

Um abraço amigo

Depoimento do amigo Mário Kertész

Uma notícia que, ao mesmo tempo que me deixa triste, me deixa também agradecido por ter sido amigo de Sebastião Augusto de Souza Nery. Desde cedo ele foi jornalista - e que jornalista. Foi eleito deputado estadual aqui na Bahia. Primeiro, disputou uma vaga de vereador na Câmara Municipal de Belo Horizonte, onde, eleito e diplomado, não chegou a assumir a cadeira porque a candidatura foi impugnada sob alegação de que a campanhastinha sido feita em nome do Partido Comunista do Brasil, então na clandestinidade, veja só. Elegeu-se deputado estadual aqui na Bahia em 1962 e, no mesmo ano, foi preso pelo regime militar e cassado pela Assembleia. Conseguiu recuperar a liberdade e reaver o mandato, mas depois foi cassado pelo então presidente Humberto de Alencar Castelo.

Eu tive a felicidade de ser amigo pessoal de Nery. Um homem excepcional sobre todos os aspectos. Uma figura inesquecível. Seus livros estão aí, sua vida está aí. Nunca vou esquecer do privilégio de ter convivido com você, de poder ter me beneficiado com tantos ensinamentos e com sua amizade. Ele dizia que essa rádio era uma coisa terrível, diabólica, contava que quando entrava no táxi ao chegar em Salvador, já era questionado se trabalhava na Metropole