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Símbolo da educação pública na Bahia, Colégio Central passará por obra que promete preservar memória
Hoje, com cerca de mil alunos, parte do espaço abriga projetos da Secretaria de Educação e do IFBA, gerando uma gestão compartilhada, nem sempre alinhada à direção do colégio
Foto: Metropress/Marcelle Bittencourt
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 15 de maio de 2025
Se tem um lugar que protagonizou a história da educação na Bahia, ele fica na Rua Francisco Ferraro, 465, em Nazaré. O Colégio Estadual da Bahia, conhecido como Colégio Central, já teve outro endereço e outros nomes, mas hoje ocupa pavilhões que testemunharam episódios marcantes e sobreviveram a muitas crises — inclusive o desgaste físico. Agora, a estrutura se prepara para uma reforma que promete preservar memória, arquitetura e tradição.
Novo fôlego
A Secretaria da Educação do Estado anunciou que ainda este ano será iniciada uma obra de modernização no colégio. O projeto inclui restaurante estudantil, vestiários, cobertura da quadra poliesportiva e a requalificação dos prédios e do auditório — tudo com a preservação do projeto arquitetônico original, reconhecido provisoriamente como Patrimônio Cultural Material do Estado pelo IPAC.
Acervo vivo na história
A história do Central começa em 7 de setembro de 1836, como Liceu Provincial da Bahia, no Convento dos Frades Agostinianos, na Mouraria. Depois foi Instituto Oficial de Ensino Secundário e, em 1885, Ginásio do Brasil, espaço da elite masculina. O nome atual veio nos anos 1940, e a alcunha de Colégio Central, em 1949.
Seja na Mouraria ou em Nazaré, o Central formou personalidades da política e cultura brasileiras: de Aristides Maltez e Pirajá da Silva a Lauro de Freitas e Américo Simas, de Carlos Marighella e Waldir Pires a Antonio Carlos Magalhães, e ainda de Cid Teixeira e Ubiratan Castro a Glauber Rocha.
Na vanguarda dos avanços e da resistência
No check list de pioneirismo, o Central também é destaque. Foi o primeiro colégio misto da Bahia, com meninos e meninas em 1900, e o primeiro a contratar uma professora, em 1927. Tornou-se referência no preparo para o ensino superior, com altas taxas de aprovação. Na Ditadura Militar, foi foco de resistência estudantil: grêmio, teatro e outros grupos enfrentaram a repressão, ajudando a consolidar o colégio como símbolo da luta por democracia e educação pública de qualidade — legado que ainda ecoa entre alunos, ex-alunos, professores e que é contado no acervo do colégio.
Tradição comprometida.
Livros de matrícula, atas, fotos, diários e registros compõem um acervo valioso, mas ameaçado pela precariedade da estrutura: infiltrações, falta de vigilância e até vandalismo - um reflexo do que acontece também com outras áreas do colégio e põe em risco a memória e o futuro dessa tradição. O pavilhão mais antigo, Francisco da Conceição Menezes, é o que mais precisa de intervenção, seguido por blocos das décadas de 1970 e 1980.
Hoje, com cerca de mil alunos, parte do espaço abriga projetos da Secretaria de Educação e do IFBA, gerando uma gestão compartilhada, nem sempre alinhada à direção do colégio. Assim, o que se vê é uma escola histórica tentando equilibrar o peso de seu passado com os desafios urgentes do presente.
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