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Único papa a pisar em solo baiano, João Paulo II arrastou multidões em visita marcada por fé e chuva

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Único papa a pisar em solo baiano, João Paulo II arrastou multidões em visita marcada por fé e chuva

Jornal Metropole volta quase 45 anos no tempo e relembra visita do papa João Paulo II a Salvador

Único papa a pisar em solo baiano, João Paulo II arrastou multidões em visita marcada por fé e chuva

Foto: Acervo JB

Por: Jairo Costa Jr. no dia 15 de maio de 2025 às 06:55

Atualizado: no dia 15 de maio de 2025 às 08:59

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 15 de maio de 2025

Enquanto os brasileiros, sejam eles católicos ou não, imaginam se o recém-eleito Papa Leão XIV um dia pisará os pé na Bahia, o Jornal Metropole volta quase 45 anos no tempo para relembrar o périplo feito em Salvador por João Paulo II, o primeiro sumo pontífice a vir ao Brasil e o único a visitar o estado ao longo de toda história.

Era 6 de julho de 1980, período em que a Igreja Católica dominava a fé dos brasileiros e sequer pensava que tamanha soberania seria ameaçada pela onda evangélica, quando o cardeal polonês Karol Wojtyla, com pouco menos de dois anos à frente do Vaticano, desembarcou na Base Aérea de Salvador. A chegada estava prevista para 13h20, mas o atraso no voo que o trazia de Curitiba adiou o tão esperado encontro por mais de uma hora. 

Boas vindas soteropolitanas

Ao descer da aeronave e acenar para a multidão que o esperava, João Paulo II ouviu o povo cantar em coro: "A bênção, João de Deus, nosso povo te abraça. Tu vens em missão de paz, sê bem-vindo e abençoa este povo que te ama”. O primeiro a recebê-lo foi o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil à época, o lendário cardeal dom Avelar Brandão Vilela. 

Em seguida, João Paulo II cumprimentou as autoridades convidadas para a recepção. Entre os quais, Irmã Dulce, a quem deu um abraço carinhoso, e o então prefeito de Salvador, Mário Kertész, acompanhado de sua esposa, a artista plástica Eliana Kertész, que estava grávida do filho caçula do casal, Chico Kertész, hoje diretor geral do Grupo Metropole e fundador da produtora Macaco Gordo.

Foto: Acervo JB

"Deixa chover, o papa vai passar"

De lá, João Paulo II entrou no papamóvel e percorreu a orla e o centro da cidade, apinhada de gente que se aglomerava para saudá-lo. Mesmo sob forte temporal, os devotos gritavam a plenos pulmões: "Deixa chover, deixa molhar, é por aqui que o papa vai passar". O trecho final do percurso foi a Catedral Basílica, no Terreiro de Jesus, onde ocorreu uma cerimônia restrita a 800 convidados, conforme os registros da própria Arquidiocese de São Salvador.

Três futuros santos nos Alagados

O ponto alto da visita foi no dia seguin- te. A começar pela ida ao bairro dos Alaga- dos, na Cidade Baixa, onde 110 mil pessoas o aguardavam na Igreja de Nossa Senhora dos Alagados, projetada pelo arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé) e erguida a tempo de receber o papa. Detalhe: o templo se eterni- zou por ter recebido três futuros santos - o papa, Dulce e Madre Tereza de Calcutá, que esteve em Salvador um anos antes da visi- ta do pontícife para realizar trabalhos nos bairros que seriam visitados por ele.

Na sequência, João Paulo II realizou uma missa campal no CAB, testemunhada por cerca de meio milhão de pessoas, que não arredaram o pé mesmo sob a forte chuva que caía. Os fiéis, emocionados, escutavam atentamente as palavras do papa, repletas de mensagens de paz e justiça social, e lavaram a alma.

João Paulo retornou a Salvador em 1991, quando visitou Irmã Dulce no leito de morte. Na terceira vinda ao Brasil, em 1997, João Paulo II, já com a saúde frágil, concentrou a agenda no Rio de Janeiro. Mas todos lembraram do dia em que ele se uniu aos baianos.