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Primeiro museu tecnológico da América Latina, MCT completa 8 anos de portas fechadas e promessas frustradas
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti) informou que foi criado um Grupo de Trabalho multidisciplinar para estudar o histórico do equipamento e subsidiar a construção de um Plano de Revitalização
Foto: Metropress/Filipe Luiz
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 2 de outubro de 2025
Se tem um lugar onde ciência e tecnologia combinam com ferrugem e abandono, esse cenário é o Museu de Ciência e Tecnologia da Bahia (MCT-BA). Pelo menos é o que os oito anos de portas fechadas e acervo sem destaque nos fazem acreditar. O equipamento, primeiro museu tecnológico da América Latina, foi desativado em 2017 e desde então permanece à mercê do tempo, com estrutura deteriorada e jardins tomados pelo mato.
A verdade é que o incentivo à ciência nunca foi tão marcante na Bahia quanto no dia 17 de fevereiro de 1979, quando o então governador Roberto Santos inaugurou, no bairro do Imbuí, o MCT-BA. Um espaço moderno, pensado para popularizar o conhecimento e aproximar crianças, jovens e professores de temas como inovação, sustentabilidade e tecnologia.
Em suas últimas entrevistas como ex-governador, Roberto Santos chegou a lamentar o abandono a suas obras, citando nominalmente o MCT. E ele não estava só. Em 2014, a comunidade científica também protestou quando dezenas de equipamentos que ajudaram a despertar o interesse científico em jovens baianos foram empilhados no saguão do museu, como carcaças à espera de uma transferência para o Parque Tecnológico da Bahia, na Avenida Luís Viana Filho (Paralela), seguindo um decreto do governo do estado. Até hoje, porém, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) não confirma o paradeiro dessas peças.
Quando a Bahia viveu ciência
Nascido em meio ao processo de industrialização da Bahia, o museu reunia planetário, anfiteatro, laboratórios e biblioteca, tudo em uma estrutura planejada para receber até 1,5 mil pessoas de uma só vez. Ali, exposições interativas de física, química e biologia faziam sucesso entre as escolas da cidade. As peças históricas do acervo reforçaram o peso simbólico do espaço: a rotativa Frankethal, que imprimia o Diário Oficial da Bahia, um engenho de moer cana doado por Dom Basílio e até uma aeronave ATT-33 Lockheed, enviada pelo Ministério da Aeronáutica em 1981. E ainda maquetes, réplicas e modelos que traduziam, por um tempo, conceitos complexos em linguagem acessível.
Virou brinquedo velho
Mas a combinação de ‘ciência e tecnologia’ com ‘movimento, educação e lazer’ não sobreviveu às trocas de gestão e falta de planejamento. Depois da saída de Roberto Santos, o museu enfrentou cortes orçamentários, ausência de manutenção e sucessivas trocas na administração. Ao longo dos anos, foi jogado de uma mão para outra como brinquedo velho: ficou sob responsabilidade da Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia (Seplantec), da Fundação Cultural do Estado, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e, mais recentemente, da Secti.
As visitas - de um museu pensado para ser interativo - foram suspensas de vez em 2010, depois de um fechamento temporário para manutenção no teto. Dois anos depois, a Secti anunciou um projeto de requalificação, mas nada saiu do papel. Outros chegaram a ser apresentados, mas também não foram para frente. O único projeto concretizado foi o fechar de portas final, que aconteceu em 2017. Desde então, o espaço permanece sem uso, tomado pela vegetação e pelo limo que se espalham no terreno, em processo acelerado de degradação.
O prometido plano de revitalização
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti) informou que passou recentemente por uma mudança de gestão e que a nova equipe assumiu o compromisso com o Museu. Segundo a pasta, foi criado um Grupo de Trabalho multidisciplinar, com o objetivo de estudar o histórico do equipamento e subsidiar a construção de um Plano de Revitalização - uma promessa já muito feita na história do MCT-BA, que nasceu como símbolo de futuro, mas hoje só pede para não ser esquecido.
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