
Jornal Metropole
Uma torcida de exageros
O torcedor do Bahia, apesar de presente, vai do céu ao inferno com o clube na mesma proporção

Foto: Rafael Rodrigues / EC Bahia
Artistas não fazem um grande show sem o canto vibrante de seu público. O mesmo vale para o futebol e suas torcidas. O Bahia e seu torcedor, por exemplo, vivem uma relação simbiótica com temperos exagerados de paixão. Sem falar do amor acolhedor e, ao mesmo tempo, agressivo. Uma torcida capaz de figurar entre as mais presentes do país, mas ainda ser a que vaia mesmo sob os louros do triunfo.
Quando falamos de torcer não há muito do que reclamar de uma legião de aficionados que, por três anos seguidos, figurou entre as quatro melhores médias de público do Brasileirão. E mais: historicamente, foi líder também em média de público da competição por três temporadas - 1985, 1986 e 1988, ano em que virou bicampeão brasileiro. Essa mesma torcida foi ainda quem fez do Bahia um dos times com maior audiência em campo.
Diferente do jargão de “torcida não, público!” emitido por rivais rubro-negros, os torcedores tricolores não se limitam aos dados de uma tabela de Excel. Afinal, o Esquadrão não é o melhor mandante do Brasileirão à toa. Os 12 triunfos em 16 jogos na Arena Fonte Nova transformaram o Bahia num dos mais temidos de se jogar em terreno inimigo. Nem o mais corneteiro dos adversários poderia dissociar o sucesso do time ao calor de sua torcida, sobretudo, diante dos fracassos do Tricolor quando atua fora dos próprios domínios.
No entanto, a boca que grita gol é a mesma que vaia. Não precisa muito para que as celebrações se tornem atos de hostilidade. Basta perder dois jogos seguidos ou talvez nem chegar a tanto. Os ânimos são tão grandes quando o time está em boa fase que a torcida esquece de que, apesar do investimento, o Bahia ainda não é o Manchester City e está em crescimento gradual do seu projeto. Ah, Cauly ainda não é Kevin De Bruyne, e Rogério Ceni não é Pep Guardiola
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