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Moraes defende responsabilização das big techs: "ela podem impor um negócio agressivo e perverso?"

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Moraes defende responsabilização das big techs: "ela podem impor um negócio agressivo e perverso?"

O plenário discute um artigo do Marco Civil que propõe que as empresas só deverão indenizar usuários ofendidos em postagens de terceiros se descumprirem ordem judicial para remoção de conteúdo

Moraes defende responsabilização das big techs: "ela podem impor um negócio agressivo e perverso?"

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Por: Metro1 no dia 12 de junho de 2025 às 17:13

Atualizado: no dia 12 de junho de 2025 às 17:36

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), defendeu responsabilização das big techs pelas postagens ilegais feitas por usuários e criticou as plataformas que operam redes sociais no Brasil. A declaração aconteceu nesta quinta-feira (12), quando a Corte voltou a analisar o caso do Marco Civil da Internet, que já conta com a maioria a favor da ampliar a responsabilização de plataformas digitais.

"Nós temos que nos perguntar se as big techs podem impor a todos os países, inclusive ao Brasil, o seu modelo de negócio agressivo e perverso, contrário à Constituição Federal, contrário à legislação brasileira, tão somente porque ela é multinacional ou internacional", disse o ministro, sinalizando que deve votar a favor da responsabilização das plataformas.

O plenário discute um artigo do Marco Civil que propõe que as empresas só deverão indenizar usuários ofendidos em postagens de terceiros se descumprirem ordem judicial para remoção de conteúdo. A maioria dos ministros, no entanto, considerou a norma atual insuficiente e defendeu ampliar as obrigações das plataformas. 

Dias Toffoli, Luiz Fux - relatores dos casos -, Luís Roberto Barroso, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Gilmar Mendes seguiram esse entendimento. Apenas André Mendonça votou pela responsabilização das plataformas somente após decisão judicial.

Para Moraes, os ministros devem se perguntar sobre a instrumentalização das redes sociais e o perigo causado por elas. "A primeira delas [das perguntas] é se as plataformas possuem uma imunidade territorial e uma cláusula absoluta de impunidade ou para a prática de ilícitos ou de auxílio a esses ilícitos. Se entendermos que as big techs nasceram de geração espontânea, estão acima dos países, das legislações e não precisam respeitar nada", disse, no início do voto.

Ele ainda trouxe exemplos para falar sobre os perigos da regulação insuficiente das plataformas, citou a organização dos atos do 8 de janeiro, a chamada "Festa da Selma" e o uso das redes em ataques a crianças e adolescentes. Moraes trouxe exemplos para ilustrar os perigos dessa atuação desregulada, como a organização de atos golpistas em 8 de Janeiro, a disseminação de convocações para a chamada “Festa da Selma” e o uso das redes em ataques a escolas. “Por que temos que aceitar crimes nas redes sociais sob a falsa alegação de liberdade de expressão?", questionou, classificando como falha ou inexistente a regulação. "Estamos falando de conteúdos de automutilação e autolesão. Nem pra isso a autorregulação funciona. O que acontece nas redes com jovens é mais do que criminoso, é abominável", complementou.