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Cardeais do governo e da base detectam indícios de virada no duelo das redes contra a direita

Metropolítica

Por Jairo Costa Júnior

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Cardeais do governo e da base detectam indícios de virada no duelo das redes contra a direita

Campanha pela taxação dos 'BBBs', ajustes na forma e no tom dos conteúdos postados, uso de mensagens com linguagem mais direta e estratégia feita contra o tarifaço de Trump são apontados como fatores do avanço governista no confronto virtual com opositores

Cardeais do governo e da base detectam indícios de virada no duelo das redes contra a direita

Foto: Agência Brasil

Por: Jairo Costa Jr. no dia 01 de agosto de 2025 às 17:53

Líderes da base aliada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional e fontes que gravitam o andar de cima do Palácio do Planalto viram sinais de virada na disputa travada com a direita e a extrema-direita nas redes sociais, arena em que o campo da esquerda e a estrutura de comunicação do governo federal patinavam na tentativa de equilibrar o jogo com os adversários. A avaliação é de que, além de romper a a própria bolha, as ofensivas virtuais lançadas a partir do fim de junho pela equipe de Lula e disseminada por apoiadores e militantes alinhados ao PT elevaram bastante a fatia governista no universo digital, obtiveram uma aderência jamais vista desde as eleições de 2018 e provocaram ferimentos justamente na trincheira até então dominada com ampla vantagem pelo opositores. 

Primeira semente
Embora a reação do governo Lula ao tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seja considerado fundamental para o avanço do bloco esquerdista nas redes, auxiliares com postos de comando na Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) atribuem o sucesso na empreitada a um conjunto de fatores. A começar pela estratégia adotada logo após a derrubada do decreto do IOF por maioria elástica dos deputados e senadores, sintetizado na campanha da "Taxação dos BBBs - Bets, Banqueiros e Bilionários", em síntese, os pobres que pagam muitos impostos contra os ricos que contribuem bem menos do que podem. 

Saliva doce
"Minha impressão, é que, fora colocar o centrão no canto do ringue, o que teve grande importância naquele momento, a mensagem bastante clara de que quem tem menos deve pagar menos tributo, e vice-versa, foi bem assimilada pela população e acabou moldando as investidas seguintes do governo na seara virtual. Foi ali que começou a guinada. E isso ficou patente no momento em que o discurso do presidente por justiça tributária grudou no ouvido da maioria do eleitorado e alimentou o debate nas redes", destacou um importante aliado de Lula no Congresso.

Na mosca
Outra liderança influente da base governista usou como exemplo postagens compartilhadas nas redes que viralizaram recentemente nas principais plataformas, em que são resgatados discursos contraditórios do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de seus aliados e de políticos da direita ou trazem conteúdos em defesa da atual gestão feitas por integrantes destacados do governo nos debates diretos contra os rivais. Só que agora com cortes muito precisos e linguagem de fácil apreensão. Em resumo, sem o falatório truncado ou desconectado das tendências atuais com a qual a esquerda vinha se posicionando na esfera digital. 

Prova dos nove 
"Não falo só da intensidade muito maior com que as postagens ganharam as redes, mas a forma e, sobretudo, o tom. Um exemplo que pode dar a dimensão do que estou dizendo é um vídeo que está rondando em alta na internet, no qual Fernando Haddad (ministro da Fazenda) desmonta de modo didático o argumento de Nikolas Ferreira (deputado federal pelo PL de Minas) sobre o superávit deixado pelo governo Bolsonaro, durante audiência na Câmara. Nele, Haddad mostra claramente que o resultado positivo a que Nikolas se referia só foi possível porque o ex-presidente deixou de repassar ICMS para os estados, manipulou artificialmente o preço da gasolina e deu um calote bilionário nos precatórios, conta essa paga pelo governo Lula. Outro conteúdo viral é o que mostra o governador de São Paulo (Tarcísio de Freitas) elogiando a honestidade de Collor, entre muitos outros", elencou um aliado de primeira hora de Lula na Bahia.

Balas de prata
No entanto, todas as fontes consultadas apontam a postura do governo diante do tarifaço de Trump e o discurso duro em defesa da soberania do país como principais responsáveis pelo ponto de virada no confronto das redes. "Esses dois elementos alavancaram a mobilização a favor de Lula. As pesquisas mais recentes mostram com muita clareza o efeito positivo desse trabalho no recuo dos índices de impopularidade do presidente e na alta da aprovação do governo em todos os segmentos. Para completar, arranharam a imagem de patriotas que os líderes da direita construíram. A sociedade parece estar enxergando bem que os bolsonaristas são os vilões dessa história e se dispõem a prejudicar o Brasil para livrar o clã Bolsonaro de uma eventual prisão, sem qualquer tipo de patriotismo", acrescentou um parlamentar baiano com livre trânsito no Planalto.

Bônus de guerra 
A avaliação entre cardeais da base é a de que a tática adotada pelo governo foi decisiva para o processo de racha entre a direita moderada, que agora insiste em se desvincular dos Bolsonaro, e a extrema-direita, que pela primeira vez aparenta estar se rumo na batalha digital. "Ainda é cedo para prever o impacto disso nas eleições do ano que vem, já que estamos longe do início da campanha, mas já provocou estragos grandes em candidatos do campo adversário pré-posicionados no páreo. Não falo só de alguém da família Bolsonaro, mas de todos os que estão, seja muito ou pouco, vinculados ao ex-presidente", salientou um integrante destacado da Secom. "Todos os perfis do governo nas mais diversas plataformas, especialmente no TikTok e no Instagram, tiveram um salto substancial no número de seguidores, de curtidas e de compartilhamentos", emendou.                 

Sinal verde
O Conselho do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do governo federal, presidido pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, deu aval para que a Ponte Salvador-Itaparica seja qualificada a receber recursos através das várias fontes de financiamento disponíveis para grandes projetos de infraestrutura. Caso Lula acate a recomendação - e tudo indica que ele endossará tal entendimento -, a ponte deve começar a sair do papel em um futuro muito breve. A informação foi divulgada em primeira mão por este colunista na edição de quinta-feira (31) do Jornal da Cidade, da Rádio Metropole, pilotado pelo apresentador Casemiro Neto.

Garantia estendida
A inclusão da ponte no guarda-chuva do PPI é tida como decisiva para que a obra ande. Com as dificuldades do governo Jerônimo Rodrigues (PT) para bancar a contrapartida de bilhões acertada no contrato com o consórcio chinês que ganhou a licitação do projeto, a PPI garante a captação de recursos por meio de fundos operados pela Caixa e pelo BNDES e destinados a financiar Parcerias Públicos-Privadas (PPPs). Ao mesmo tempo, fornece a segurança jurídica para captar dinheiro junto a grandes investidores e organismos financeiros internacionais.

Fato ou fake?
Pode ser mera especulação, mas circula com força no mercado informações de que existe jogo combinado para que a concessão dos trechos das BRs 324 e 116 no estado caia novamente nas mãos do mesmo grupo que controlou o pedágio nas duas rodovias por mais de uma década. Ou seja, a ViaBahia, mas com outra roupagem. A ver.