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Segunda-feira, 18 de março de 2024

Política

Haddad promete estar 'presente' em 2022 e avalia que Lava Jato 'liquidou o PSDB'

Ex-prefeito e ex-ministro comenta impacto político da investigação que desmontou esquemas de corrupção

Haddad promete estar 'presente' em 2022 e avalia que Lava Jato 'liquidou o PSDB'

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 13 de janeiro de 2021 às 13:10

O ex-prefeito de São Paulo e candidato à presidência da República pelo PT em 2018, Fernando Haddad, comentou como o combate à corrupção não atingiu a totalidade do problema enraizado na sociedade brasileira. Em entrevista a Mário Kertész e Malu Fontes hoje (13), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole, ele comentou que, diante dos posicionamentos nas eleições, vai se manter como ator político no próximo pleito. "Qualquer que seja o segundo turno em 2022, eu estarei presente e opinando sobre aquilo que é maior pelo meu país. Eu jamais me furtaria a evitar um presidente que, do meu entendimento, não responde ao tamanho da importância e dos desafios que estão colocados para o meu país", disse Haddad. 

O petista voltou a falar do papel da Lava Jato no combate à corrupção. "Todo esforço possível tem que ser feito. É um grande mal para a vida pública do país. É um grande mal para a sociedade, as famílias que precisam de assistência. Corrupção é uma coisa horrorosa para a vida de qualquer país. Agora, exige critério, justamente para você fazer o que manda qualquer texto sagrado, que é separar o joio do trigo", afirmou. 

No entanto, para Haddad, não houve critério na Lava Jato para dissociar os políticos criminosos daqueles que seguem as práticas normais. "Ela começou a atirar para todo lado, sem os critérios necessários para, em cada partido político, separar os bons daqueles que não estão honrando a cidadania brasileira. Em 2016, o único alvo era o PT. Os outros partidos imaginaram que essa forma de atuação da Lava Jato só ia atingir o PT. Entre 2016 e 2018, só de governadores do PSDB foram sete alvejados pela Lava Jato. Não estou dizendo que são culpados porque não conheço os processos, mas estou narrando um fato", avaliou.

Fernando Haddad ainda comentou como a operação atingiu o PSDB, adversário do PT nas últimas eleições em que o partido saiu vencedor. Para ele, o fenômeno do surgimento de Bolsonaro também partiu do descontentamento com a classe política. "A Lava Jato liquidou o PSDB. Alckmin teve menos de 5% dos votos. Ele esteve no segundo turno em 2006 com Lula e poderia ter ganhado a eleição. Uma metáfora indelicada: imagina se fosse fazer uma investigação sobre religiosos que são criminosos. Ao invés de pegar os religiosos criminosos de cada igreja, você destruísse todas as igrejas e não aqueles que cometeram o pecado, dizendo assim. Você ia dar lugar não a uma nova igreja, mas ao diabo. Não ia sobrar espaço para ninguém. Faltou critério", declarou o ex-prefeito.

"Faltou discernimento. Faltou dizer assim: nós temos as ferramentas. Vamos usar da melhora maneira possível para sanear os partidos políticos e rejuvenescer a democracia brasileira. Mas não foi feito isso. Bolsonaro é fruto de uma terra arrasada. Na visão da população, nenhum político presta. Agora, nem o Bolsonaro presta mais porque os filhos estão metidos em confusão, já tem ações judiciais contra os filhos dele", acrescentou.