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Terça-feira, 19 de março de 2024

Política

Faroeste: Coronel intermediou acordo entre agricultores e alvo da operação

Ex-presidente da Assembleia viabilizou tratativa que possibilitou recebimento de R$ 600 milhões a borracheiro

Faroeste: Coronel intermediou acordo entre agricultores e alvo da operação

Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

Por: Matheus Simoni no dia 24 de fevereiro de 2021 às 16:51

Atual senador pela Bahia, o ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL-BA) Angelo Coronel interviu para viabilizar um acordo que envolve pelo menos um dos alvos da Operação Faroeste, que desarticulou uma organização criminosa que permitiu a regularização indevida de terras na região oeste do estado. Em contrapartida, os agentes públicos recebiam propinas milionárias. Entre os alvos da investigação, conduzida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), estão magistrados e advogados da Bahia.

De acordo com reportagem divulgada hoje (24) pelo jornal Folha de S. Paulo, em 2017, quando presidia a AL-BA, Coronel intermediou um acordo firmado entre agricultores e um dos principais alvos da operação, José Valter Dias, que ficou conhecido como o borracheiro que virou dono de uma área que tem cinco vezes o tamanho de Salvador. Por meio desse acordo, feito a toque de caixa, Dias poderia receber cifras próximas a R$ 600 milhões. 

À Folha, Coronel diz ter buscado mediar um acordo entre as partes após ter sido procurado por representantes da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia e da Associação dos Produtores Rurais da Chapada das Mangabeiras, ambas com atuação no oeste da Bahia.

“Se o valor acertado no acordo foi alto ou baixo eu não sei. Só sei que houve acordo entre as partes. Apenas fiz colocar os representantes frente a frente para dialogarem e se acertarem. Fato que aconteceu”, diz o senador.

Ele diz não se arrepender por ter atuado na mediação de um conflito cujas partes depois se tornaram alvo de investigações da Justiça Federal.

“Não me arrependo de forma alguma. Como presidente da Assembleia Legislativa fui instado a ajudar”, diz Coronel, lembrando que o acordo acabou sendo formalizado tempos depois.

Até agora, oito desembargadores já foram afastados do Tribunal de Justiça da Bahia por decisão do STJ, além de outros três juízes. Três desembargadoras estão presas preventivamente, e uma quarta está em prisão domiciliar. A operação também tem avançado sobre advogados acusados de operar para interessados em comprar decisões.