
Política
"Lula é um caudilho latino-americano típico”, analisa Luiz Felipe Pondé
A situação política do país após a votação da Câmara dos Deputados no último domingo (17), que aprovou a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) foi avaliada pelo escritor, filósofo e comentarista da Rádio Metrópole, Luiz Felipe Pondé, nesta segunda-feira (18) [Leia mais...]

Foto: Tácio Moreira/Metropress
A situação política do país após a votação da Câmara dos Deputados no último domingo (17), que aprovou a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), foi avaliada pelo escritor, filósofo e comentarista da Rádio Metrópole, Luiz Felipe Pondé, nesta segunda-feira (18).
De acordo com Pondé, a votação mostrou que o Partido dos Trabalhadores colhe frutos dos tratados políticos que selou ao longo do seu governo. “Foi um show cultural antropológico [a votação]. Inclusive, a Folha fez uma pagina muito interessante recuperando algumas dedicatórias: 'Pela paz de Jerusalém', 'Contra a troca de sexo em crianças nas escolas' (...) Do ponto de vista político, o PT está colhendo um pouco o que plantou na seara política interna. Tratou muito mal o PMDB ao longo desses anos de parceria, colocando partidários do PMDB ou de quaisquer aliado em ministérios, mas quem mandava sempre era o PT. E acreditava que poderia comprar a parceria com dinheiro”, avaliou.
Sobre a possibilidade da convocação de eleições diretas, Pondé condenou a manobra e comparou o ex-presidente Lula com políticos caudilhos - termo fruto de um fenômeno político ocorrido na América Latina que representa grandes líderes que exercem o poder através do carisma, ganhando caráter populista e flertando com métodos autoritários e até mesmo ditatoriais.
“A primeira coisa é que parece mais um ato oportunista do que algo movido por um motivo ético- político. Fica parecendo oportunismo de quem perdeu a primeira fase, que é fundamental, parece que vai perder o jogo e, então, levanta a mão e pede pro juiz pra recomeçar o jogo. O PT já perdeu qualquer decoro em relação ao processo. Além disso, precisa ver qual a viabilidade institucional disso. Independente de os petistas dizerem que é golpe, o país está acompanhando uma certa normalização institucional. Então, a proposta de fazer Diretas Já pode parecer uma espécie de golpe light no processo. Algo como: 'Já que eu perdi no impeachment, vamos tentar eleição pra ver se conseguimos algum apoio ao populismo do Lula'. O Lula é um caudilho latino-americano típico", avalia.
“Como defender Diretas Já agora, se ainda não aconteceu nenhum processo com a chapa no TSE? O modo institucional de fazer uma eleição agora seria o PT entregar toda a sujeira que existiu em sua chapa e colaborar com a Lava Jato. A fala de Dilma me parece um golpe muito sofisticado, mas evidentemente oportunista”, acrescenta o filósofo.
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