Dino diz manter “prudente distância” e justifica silêncio sobre indicação de Jorge Messias ao STF

O ministro Flávio Dino, do STF, afirmou nesta segunda-feira (1º) que não se manifestou sobre a indicação de Jorge Messias ao Supremo por manter “prudente distância” de um tema ainda em debate político no Senado, considerado "politicamente controverso". Em nota, Dino disse que só irá comentar o assunto após a deliberação dos senadores, caso considere adequado.

A postura chamou atenção porque, como revelou a coluna Painel, Dino foi o único integrante da Corte a não parabenizar Messias, nem publicamente nem em conversas privadas, após o anúncio da indicação feita pelo presidente Lula para a vaga de Luís Roberto Barroso.

O ministro afirmou manter a mesma conduta desde sua própria indicação ao STF e que só se pronuncia sobre temas ligados ao Legislativo quando eles chegam oficialmente para decisão da Corte. Ele também negou qualquer atrito com Messias, ressaltando que sempre dialogou institucionalmente com o advogado-geral sobre assuntos como desarmamento, emendas parlamentares, questões ambientais e tributárias. "Nunca tive qualquer controvérsia com o Dr. Jorge Messias, com quem sempre dialoguei institucionalmente sobre temas diversos".

A indicação de Messias enfrenta resistência de senadores da oposição, que dizem temer a chegada de “um novo Dino” ao tribunal, alguém supostamente alinhado ao governo. A comparação é alimentada pela proximidade de Messias com Lula e pelo histórico de Dino no enfrentamento de irregularidades e falta de transparência nas emendas parlamentares, um ponto sensível no Congresso.

Aliados de Messias, porém, afirmam que seu perfil é mais conciliador e distante de embates diretos, ao contrário de Dino. A indicação desagradou especialmente o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que preferia o nome do ex-presidente da Casa Rodrigo Pacheco (PSD-MG).