
Política
Historiador lança livro sobre acolhimento de exilados e interesse comercial da França na ditadura brasileira
Paulo César Gomes comenta que o Brasil chegou a comprar caças de guerra franceses que foram exibidos com pompa em um desfile de 7 de setembro

Foto: Reprodução/Facebook
O historiador e escritor Paulo César Gomes lança hoje (30) no Rio de Janeiro o livro "Liberdade Vigiada: As relações entre a ditadura militar brasileira e o governo francês - Do golpe à anistia".
Em entrevista à Rádio Metrópole, ele explica que as relações entre o governo francês e a ditadura militar brasileira passavam do acolhimento a exilados políticos aos interesses comerciais em exportar armamentos ao Brasil.
"Eles não tinham interesses como os americanos tinham de evitar suposto governo comunista como imaginavam falsamente na época", diferencia.
De um lado, Paris foi a capital europeia que recebeu o maior número de exilados brasileiros. Porém, o governo militar brasileiro chegou a receber a visita do presidente francês à época, Charles de Gaulle, o que significou um reconhecimento internacional à ditadura brasileira.
"Esse acolhimento houve. O que aconteceu é que, por outro lado haviam interesses comerciais. A França tinha, como tem até hoje, interesse de exportar equipamentos militares de forma geral", avalia.
Ele comenta que o Brasil chegou a comprar caças de guerra franceses que foram exibidos com pompa em um desfile de 7 de setembro.
Paulo César Gomes lembra que figuras importantes como o político Juscelino Kubitschek e o jornalista Samuel Wainer estavam entre os brasileiros que procuraram refúgio na França à época da ditadura militar.
Um dos fatos que o historiador considera como interessante é que o governo brasileiro contratou um colaborador do regime de Vichy - que atuou junto ao nazismo na região de Vichy, na França - para vigiar os exilados do governo brasileiro em solo francês.
"Ele acabou atuando como uma espécie de eminência parda, denunciando todos os grandes políticos. Ele virou figura importante nas sombras. Ele tinha uma agência de informações e um jornal anticomunista", declarou.
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