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Fernando Holiday propõe que grávida após estupro ouça coração de feto antes de aborto legal

Política

Fernando Holiday propõe que grávida após estupro ouça coração de feto antes de aborto legal

Vereador de São Paulo ainda quer obrigar a gestante a passar por atendimento religioso, para só então decidir por abortamento previsto na Constituição

Fernando Holiday propõe que grávida após estupro ouça coração de feto antes de aborto legal

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Por: Juliana Almirante no dia 25 de junho de 2019 às 14:20

O vereador de São Paulo Fernando Holiday (DEM) propôs, em projeto de lei, que a mulher que engravidou após um estupro seja submetida a várias medidas antes de decidir pelo aborto legal. Entre as condições, está obrigar a vítima de violência sexual a ouvir o coração do feto. 

No Brasil, o abortamento é permitido nos casos autorizados pela Constituição (risco de morte para a gestante e estupro) ou pelo Supremo Tribunal Federal (fetos anencéfalos).

O projeto ainda propõe só permitir o aborto nos casos legais depois da emissão de um "alvará judiciário", impor atendimento psicológico para dissuadir a decisão de abortar e obrigar a gestante a passar por atendimento religioso.

De acordo com reportagem do BuzzFeed News Brasil, o projeto chocou especialistas em aborto legal. 

Para a psicóloga Daniela Pedroso, do GEA (Grupo de Estudos sobre Aborto), o projeto de lei "perpetua a violência sofrida por essas mulheres e pode ser comparado a uma tortura".

"Como é que você coloca uma mulher para ouvir o coração de um feto fruto de um estupro? A mulher que engravida de um estuprador sente essa gestação como uma segunda violência. Você não pode obrigar essa mulher a ouvir o coração do feto", questionou. 

Segundo a psicóloga, o projeto fere o código de ética profissional ao obrigar a mulher que tem direito ao aborto legal a passar por "atendimento psicológico com vistas a dissuadi-la da ideia de realizar o abortamento".