
Política
Professor Nivaldo Andrade critica projetos do BRT e VLT em Salvador: 'Sensibilidade se perdeu'
Professor e presidente nacional do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) lança livro amanhã (19) sobre a arquitetura moderna da Bahia

Foto: Matheus Simoni/Metropress
O professor e presidente nacional do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) Nivaldo Vieira de Andrade Junior fez críticas, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (18), a projetos de mobilidade em Salvador, executados tanto pela prefeitura quanto pelo governo da Bahia.
"Aqui, o que chamam de VLT não é VLT. É um trem pendurado em vigas gigantescas de concreto, que estupra a paisagem de Salvador. O BRT é um projeto parecido, que está sendo executado. Aqui vão críticas tanto à prefeitura quanto ao Estado, que não tem essa sensibilidade, de perceber a singularidade da paisagem de Salvador, que tem que ser preservada. Essa sensibilidade se perdeu, da singularidade de Salvador. Salvador está virando uma cidade qualquer. Trata-se Salvador como se fosse qualquer coisa. Salvador é uma jóia", defendeu.
Nivaldo lançará amanhã (19) a coleção "Arquitetura Moderna na Bahia - entre 1947 e 1951". O evento será às 19h, no Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória. A obra é resultado de mais de dez anos de pesquisa, que começou com a tese de douturado que ele defendeu em 2012, na Faculdade de Arquitetura da Ufba.
'Me incomodava que a gente ensina aos nossos alunos a história da Arquitetura e o Brasil, no século XX, é referência no mundo inteiro. Todo mundo conhece Oscar Niemeyer, todo mundo conhece o plano de Lúcio Costa para Brasília, mas só se falava da arquitetura moderna do Rio de Janeiro e depois um pouco de São Paulo. Mas é como se não tivesse tido relevância a produção local. Então nossos estudantes se formavam sem uma compreensão clara", destaca.
O professor então buscou tentar entender porque a Bahia e outros estados como Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul estavam de fora.
"Acabei descobrindo que não só a Bahia tinha uma produção excelente, como em um período muito específico, no governo de Otávio Mangabeira, existia produção que até hoje é referência: a Escola Parque, o Hotel da Bahia. O início do Teatro Castro Alves, o Hotel de Paulo Afonso, que foi concluído décadas depois. Mais uma série de equipamentos, como escolas no interior do estado", diz.
De acordo com Nivaldo, as obras arquitetônicas desse período de redemocratização buscavam soluções para problemas sociais do estado.
"Isso foi feito também por meio da arquitetura, das artes plásticas, da pedagogia de Anísio Teixeira, que foi o secretário de Educação, mas também da arquitetura. O trabalho é para mostrar também esse cenário econômico, político e também arquitetônico da Bahia e também como nós somos vanguarda. Como uma série de gestores qualificados, que compreendem a importância da dimensão cultural da arquitetura e urbanismo, são capazes de modernizar uma cidade e, ao mesmo tempo, preservar seus valores culturais. Coisa que talvez os gestores atualmente não tenham a mesma capacidade e percepção", considera.
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