
Política
Após fala de Bolsonaro, reitor da Ufba diz que servidor deve se basear em ciência e não em 'histórico de atleta'
Mandatário pediu, em rede nacional de TV e rádio, o fim das medidas de isolamento e o retorno das aulas

Foto: Matheus Simoni/ Metropress
O reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), João Carlos Salles, disse, em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã de hoje (26), que o servidor público federal deve ser basear em ciência e não em "histórico de atleta", ao se referir ao discurso do presidente Jair Bolsonaro em rede nacional anteontem (24).
Salles preside Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que divulgou nota em reação ao pronunciamento do presidente. Na ocasião, o mandatário pediu o fim das medidas de isolamento e o retorno das aulas.
"Nós somos servidores públicos e temos a obrigação de alertar os gestores sobre seu dever. Há um manual importante distribuído pela presidência da República e todo gestor recebe Código de Conduta da Alta Administração Federal. Considero que é documento subversivo hoje, porque esse documento fala da obrigação que temos do decoro, urbanidade, cordialidade. Então contraria as práticas correntes, fala da obrigação do servidor público de se amparar não em opinião própria, não no seu 'histórico de atleta', mas sim na ciência. Não poderíamos deixar de reagir", defendeu.
Salles também comentou o pedido feito pelo governo do Estado de transferir dois andares da maternidade Climério de Oliveira que estão no Hospital Salvador para o Hospital Universitário Professor Edgar Santos, que é da Ufba e conhecido como Hospital das Clínicas. A medida seria implementada para que a unidade médica localizada na Federação fosse exclusiva para pacientes do Covid-19.
"Às vezes, boas ideias não são exequíveis e pessoas precisam dialogar. O governador colocou esse pleito. Nós fizemos pareceres e encaminhamos ao governo, mostrando a impossibilidade colocar a maternidade no Hospital Edgar santos. (...) Não é coisa simples. É a UTI neonatal de referencia da Maternidade Climério de Oliveira. São vidas. É tratamento de gestante de alto risco. Disse ao governador: não se trocam vidas por vidas. Esse é o momento em que os gestores de respeitam", explicou.
O reitor da Ufba disse que ofereceu, como uma alternativa, o oferecimento de leitos do hospital universitário para o tratamento de pacientes com coronavírus.
"Estamos colocando à disposição da Sesab e do SUS 31 leitos de UTI e 49 leitos tipo enfermaria específicos para coronavírus. Vamos precisar de aparelhos e apoio da Sesab, mas é um espaço importante", justifica.
Ele ainda destacou outras ações que são realizadas pela universidade no combate à pandemia, como os laboratórios de pesquisa, a equipe que está empenhada em produção de álcool em gel, e o Tele Coronavírus, disponível por meio do telefone 155, para orientar a população sobre a doença.
"Ontem tivemos mais de duas mil ligações. Duas mil pessoas que estariam indo aos postos de saúde sobrecarregando os postos e tiveram esse atendimento. As escolas estão mobilizando alunos do quinto e sexto ano de medicina para enfrentar essa questão", informa.
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