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Sociólogo critica classificação de 'invisíveis' dada pelo governo: 'Política destrutiva'

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Sociólogo critica classificação de 'invisíveis' dada pelo governo: 'Política destrutiva'

Professor da Unicamp, Ricardo Antunes avalia que país criou massa de trabalhadores informais, que está em risco na pandemia

Sociólogo critica classificação de 'invisíveis' dada pelo governo: 'Política destrutiva'

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 17 de julho de 2020 às 12:53

O sociólogo e professor titular de Sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ricardo Antunes, comentou a atual situação de desempregados em meio à pandemia de coronavírus. Em entrevista a Mário Kertész hoje (17), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole, ele afirmou que a classificação como "invisíveis" dada pelo governo federal às pessoas contempladas pelo auxílio emergencial é imprecisa.

De acordo com o educador, grande parte desta população é possível de ser encontrada aos montes nos grandes centros e capitais do país. "Essa expressão invisível é forte, mas é falsa. O governo chamou de invisível porque ele criou o desastre social que foi o governo Bolsonaro e o governo Temer. Essa história não começou, os governos anteriores também. Mesmo no amplo período dos governos do PT, que houve uma melhora nos níveis de pobreza, obviamente, mas houve um brutal enriquecimento dos ricos também. De 2016 para cá, a tragédia foi anunciada propositalmente. O Temer sabia quando aprovou a contrareforma trabalhista. Ele e Meirelles diziam que iam criar três milhões de empregos. Criaram 13 milhões de desempregados", afirmou o sociólogo.

"Basta andar no centro de Salvador, Campinas, Porto Alegre, São Paulo e Fortaleza que a gente vê a massa de trabalhadores indigentes, jovens, sem-teto e sem casa, dormindo nas ruas. Não são invisíveis. Quando se cria na reforma trabalhista o trabalho intermitente, ganhando pela hora trabalhada, aumenta a miserabilidade", acrescentou.

Ainda de acordo com Antunes, a situação do país se agrava com a política econômica do governo Bolsonaro. "Quando o governo Bolsonaro-Guedes, com essa política destrutiva, cria uma reforma da previdência e diz que a alternativa é fazer a capitalização, como que um pobre que trabalha cinco ou seis horas por semana quando não tem trabalho vai investir dinheiro para manter a previdência? Invisível uma banana, são pobres, trabalhadores e trabalhadoras negros da periferia que foram criados. Para que haja uma riqueza espetacularmente grande em cima, é necessário que haja uma miserabilidade espetacularmente ampla embaixo. É mais uma prova da falência desse projeto que se agudizou no Brasil", disse o professor. 

Ricardo Antunes considerou as reformas trabalhista e da previdência como nocivas para os brasileiros. Ele comentou o alto índice de trabalhadores informais no país. "Essas classes burguesas acham que dar emprego para o trabalhador e para a trabalhadora sem direito já é um presente, porque se não tiver aquele emprego morre de fome. Não é assim. O trabalho é um valor. Se é um valor, ele tem que contemplar dignidade. Trabalho não se resume a uma coisa, o ser que trabalha não é um coiso ou uma coisa que deve ter uma remuneração pelo que faz e, quanto menos remunerado ele for, melhor porque alguém está enriquecendo. Não pode mais ser assim. Não é possível imaginar que o país tenha 40% ou 50% de trabalhadores informais", afirmou o sociólogo.