
Política
Pedro Doria aponta semelhança entre Bolsonarismo e Fascismo: ‘Tem uma pulsão de morte’
Para Doria, como muita coisa da cultura, o integralismo ainda está na nossa sociedade

Foto: Reprodução / Youtube
O jornalista Pedro Doria lança nas próximas semanas o livro Fascismo à Brasileira. A obra, que já pode ser conferida em E-book, remonta um momento em que o Brasil flertou com regime totalitário que varreu a Europa no século passado e relembra seus principais atores.
Em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole, ele falou da formação da Ação Integralista Nacional, que reunia grandes pensadores do Brasil, mas defendia o regime totalitário. “O próprio Plínio Salgado, além de jornalista, era um escritor e um dos poetas a ler seus textos na Semana de Arte Moderna de 1922. O número dois do integralismo era o historiador cearense Gustavo Barros, que tinha sido presidente da Academia Brasileira de Letras. O número três era Miguel Reale, o pai, o pensar do que seria o Estado fascista brasileiro. Até Vinícius de Moraes era integralista”, lembrou.
Para Doria, como muita coisa da cultura, o integralismo ainda está na nossa sociedade. “Quando a gente estuda na escola, vê pouco sobre o integralismo, no entanto ele foi o maior movimento fascista fora da Europa. Tínhamos aqui o nosso fuhrer, que era o Plínio Salgado. Tínhamos um milhão de pessoas, gritando anauê. Esse espírito do integralismo jamais morreu. A gente fala pouco de política como cultura. A política está entre nós, essas coisas estão presentes. De alguma forma, o espírito do integralismo está presente entre nós ainda”, analisou.
Para ele, há diferenças e semelhanças entre o fascismo e o que se desenha como bolsonarismo. Uma das semelhanças seria a “pulsão pela morte”, classificada pelo psicanalista austríaco Sigmund Freud como um salto à autodestruição.
“A diferença é que Plínio Salgado montou movimento de um milhão de pessoas e Jair Bolsonaro não consegue montar movimento de um milhão. Tem uma desorganização grande, horror à atividade intelectual, científica, há muitos pontos de semelhança também. O Plínio era do interior, Bolsonaro também. Quando você perguntava... uma das características do fascismo dos anos 30 era a invenção do passado nobre. Esse ideal de brasileiro ideal [de hoje] é muito parecido com o fascismo dos anos 30. Você tem duas maneiras de definir fascismo, a história e a característica como movimento político – que é guidado por aquilo que o Freud chamava de pulsão de morte. O Bolsonaro tem um pouco dessa celebração, essa maneira como presidente lidou com a pandemia é uma celebração da morte. Assim como tem a morte no sentido metafórico, que é destruir a Nova República, de Sarney a Dilma. É destruir a cultura que a Nova República criou, as instituições, a Constituição”, citou.
Para Doria, deve se ter um respeito pela preocupação de banalização da palavra “fascismo”. “Esse movimento resultou na morte de 85 milhões de pessoas. Nada na história foi o que o fascismo foi. Ele gerou regime totalitários que juntavam a imagem nacional e a do partido. Se você queria ser alguém na sociedade italiana, você tinha que ser do partido. A sua posição na sociedade era ligada à sua função no partido. A gente não vê nada disso agora. Mas se a gente vi pela definição da alma, que é essa pulsão de morte, aí temos isso. Você tem nesses líderes de extrema-direita eles sequestrando a democracia e esse fascínio por morte. Se acredito que vamos ter algo como foi o fascismo, de países totalitários? Não acredito”.
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