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"Virou moda" mudar os nomes das ruas de Salvador, afirma o historiador Jaime Nascimento

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"Virou moda" mudar os nomes das ruas de Salvador, afirma o historiador Jaime Nascimento

O historiador Jaime Nascimento comentou durante entrevista à Rádio Metropole sobre a mudança do nome da Praça Visconde de Cairu

"Virou moda" mudar os nomes das ruas de Salvador, afirma o historiador Jaime Nascimento

Foto: Carla Astolfo/Metropress

Por: Metro1 no dia 18 de março de 2024 às 19:38

Atualizado: no dia 19 de março de 2024 às 00:11

O historiador Jaime Nascimento comentou durante entrevista à Rádio Metropole, nesta segunda-feira (18), sobre a mudança do nome da praça Visconde de Cairu, localizada no Comércio, em Salvador.  O local passa a se chamar Praça Maria Felipa.

Para Jaime Nascimento, existe uma "moda" presente para mudar nomes dos locais na capital baiana. O professor analisa que ocorre uma conveniência de quem está na política para realizar alterações e critica a mudança de nome para Maria Felipa. "É uma personagem histórica cuja existência não está confirmada", afirmou.

"O caso específico da praça Cairu, há de se entender, que aquele monumento e a praça não foram nomeados ali à toa. Onde é o Mercado Modelo hoje, era Alfândega Imperial e depois da República. Por isso foi colocado o monumento e o nome porque foi ele, José da Silva Lisboa, nome civil do Visconde de Cairu, professor da área de economia e comércio, que fez a proposta para Dom João VI; ele apresentou a proposta da abertura dos portos", explicou.

O historiador analisa que é "preciso ter cuidado" ao pedir alterações. Durante a entrevista, ele mencionou a mudança do Colégio Estadual Victor Civita para Colégio Estadual Mestre Môa do Katendê.

"Estou falando do oportunismo. Esse nome foi dado porque a Fundação Victor Civita fez uma parceria com o Governo da Bahia para transferir tecnologia na área da educação. Todas as homenagens a Mestre Moa são válidas, mas não deve ser assim, tirar de um para colocar outro".

Morro do Escravo Miguel

O historiador também mencionou o caso em que a Defensoria Pública da Bahia sugeriu para a Prefeitura de Salvador a alteração do nome da rua Morro do Escravo Miguel.

"Se existiu, vamos descobrir quem é o escravo Miguel. E vamos ressaltar a história. Não é só fazer uma cirurgia plástica e tirar o nome. Não é fazer como no passado de tirar nossa presença dos lugares", afirmou.

Além disso, ele ressalta que, antes de qualquer tipo de alteração, é preciso procurar documentos que expliquem o motivo da nomeação. "Estipulando que a prefeitura de Salvador estude o nome de vários lugares. Então, o Ministério Público poderia fornecer apoio, já que a prefeitura de Salvador é responsável por nomear os lugares"; 

Ele explica que existe uma preocupante tendência de remover referências à escravidão sem sequer buscar ou consultar a memória pública. No entanto, é crucial preservar e contar as histórias passadas para manter viva a memória e evitar o esquecimento. "Para manter viva a memória, para não esquecer", completou.

Confira a entrevista na íntegra: