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"Fratricídio de esquerda" impede renovação e discurso unificado, diz cientista político

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"Ele nunca foi um grande ator político no Congresso", diz Juliana Dal Piva sobre histórico de Bolsonaro
A jornalista foi entrevistada na reestreia do programa Na Linha nesta sexta-feira (13)
Foto: Isabelle Corbacho/Metropress
O tradicional programa de entrevista Na Linha reestreou na programação da Rádio Metropole, nesta sexta-feira (13). A jornalista Juliana Dal Piva, autora do livro O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro, foi a convidada especial da edição e relembrou o processo de apuração e aproximação com o cenário vivido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua família. Para Dal Piva, ele nunca foi um grande ator político dentro do Congresso Nacional, até se lançar candidado à presidência em 2018, como alguém de fora do sistema político - "o que nunca foi".
“Ele era um deputado com um discurso homofóbico, racista, extremista, radical, mas não participava das grandes negociações e discussões. Então todo mundo botava ele mais de lado, né?”, afirmou. A investigação de Dal Piva surge se aprofunda após a candidatura do ex-presidente, quando, pontua a jornalista, "ele vem com esse discurso mentiroso, falacioso, de que ele era alguém de fora do sistema e o único que não era corrupto”.
Para a jornalista, esse foi um dos fatores que fez com que ele conseguisse conquistar a elite e ser eleito em 2018. “Existia um cansaço, as pessoas naquela eleição estavam cansadas das figuras que estavam disputando a Presidência da República, elas queriam um nome novo. E é muito louco pensar que o Bolsonaro seria um nome novo, ele estava há 30 anos na vida pública, mas 30 anos sem disputar a Presidência [...] ele não era novo para nós jornalistas, mas ele era novo para boa parte da população brasileira”, analisou Dal Piva, que pontuou ainda que a elite estava cansada também de apoiar candidatos da direita como os tucanos e perder.
Juliana conta ainda que, durante o processo de apuração para o livro e reportagens, muitas tentativas deram errado. No entanto, quando Bolsonaro é eleito “as portas começaram a se abrir”. Algumas pessoas que sequer haviam respondido qualquer tipo de mensagem, começaram a compartilhar informações para mostrar que o esquema envolvendo Queiroz e Flávio Bolsonarro era muito maior que se pensava e a cabeça seria o próprio Jair Bolsonaro.
A reportagem
Documentos da Assembleia do Rio, Câmara dos Deputados e da Câmara dos Vereadores auxiliaram a jornalista a enxergar o esquema generalizado. Com seis colegas do jornal O Globo, Juliana gerou a primeira grande reportagem sobre o caso: “Em 28 anos, clã Bolsonaro nomeou 102 pessoas com laços familiares”, com a equipe do Jornal O Globo, em 2019. A matéria recebeu o prêmio Relatoría para la Libertad de Expresión (RELE), da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, pelo trabalho
“É uma reportagem que é muito fundamental para mim, porque é ela que me permite entender mais amplitude o esquema todo, como ele desde o início da vida pública [do Bolsonaro], dos primeiros mandatos, existiu. E também me ajuda a conhecer todas as figuras centrais que sempre estiveram aqui com ele. Isso me trouxe um mapa, que me mostrou como continuar investigando no caso pelos últimos cinco anos”, completou.
Acompanhe a entrevista:
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