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Juliana Dal Piva: a elite se dividiu em 2022 entre quem queria faturar e quem queria construir o país
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Juliana Dal Piva: a elite se dividiu em 2022 entre quem queria faturar e quem queria construir o país
A jornalista e escritora foi a entrevistada da reestreia do Na Linha, tradicional programa de entrevistas com Mário Kertész
Foto: Metropress/Isabelle Corbacho
Para a jornalista Juliana Dal Piva - autora do livro O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro -, o comportamento da elite brasileira foi diferente nas eleições presidenciais de 2018 e de 2022. Apesar de em ambos os pleitos ela estar ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro, os interesses eram distintos. A escritora foi a convidada do programa de reestreia do Na Linha nesta sexta-feira (13).
Enquanto em 2018, havia, segundo Dal Piva, um cansaço da elite em apoiar os tucanos na disputa pela presidência e sair derrotada. Em 2022, a questão era financeira. “São grupos distintos em 2018 e em 2022. Em 2018, existiam grupos que estavam cansados de se aliar aos tucanos, ao PSDB, e ser derrotado [...] esse grupo repetia o discurso em torno de que, como o Bolsonaro não entende nada de economia, ele iria dar toda a liberdade para Paulo Guedes, então eles iam entrar com tudo na economia liberal, neoliberal, e, ao mesmo tempo, também um grupo ligado ao direito lavajatista”, pontuou Dal Piva citando Moro e Guedes como espécies de fiadores da candidatura de Bolsonaro.
Segundo a jornalista, esse grupo da elite de 2018 tinha um certo cansaço dos nomes que já se apresentavam na disputa pela presidência e encontraram no discurso de Bolsonaro alguém que se vendia como um nome novo, fora do sistema político. “O que é louco, Bolsonaro estava há 30 anos na vida pública, mas há 30 anos sem disputar a presidência. Ele não era novo para nós jornalistas, mas ele era novo para boa parte da população brasileira”, explicou.
Já na eleição de 2022, o cenário era outro. “Era um governo que foi um desastre, que não tinha uma área deixando legado e que ameaçou a vida dos brasileiros em plena pandemia”. Além disso, Dal Piva cita a aliança entre Bolsonaro e o centrão - nas figuras de Arthur Lira e Valdemar da Costa Neto - como forma de manter seu mandato até o final, mesmo que passando por cima da imagem de outsider vendida em 2018.
“Então, em 2022, essas elites mudaram. Ao mesmo tempo que teve uma divisão, várias pessoas que por ódio ao PT em 2018 anularam ou até apoiaram o Bolsonaro, acabam dando uma dividida. Em 2022 é um pragmatismo puro, é quem quer ganhar dinheiro. Aí essa gente toda vai se agarrar no Bolsonaro para não perder a sua mamata. A elite brasileira se divide um pouco em torno disso: aqueles que de fato querem construir um país e aqueles que querem ganhar dinheiro, porque teve gente que ganhou dinheiro com o governo do Bolsonaro”, disse
“Dificil de compreender, porque mais do que ganhar dinheiro, 700 mil pessoas morreram de covid no Brasil”, concluiu a jornalista.
Confira a entrevista:
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