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Ambientalista alerta para avanço da desertificação na Bahia: “a seca virou deserto”
À Rádio Metropole, Sérgio Leitão, do Instituto Escolhas, atribui avanço da desertificação à omissão do Estado e ao desmatamento histórico da vegetação nativa
Foto: Feijão Almeida/GOVBA
A Bahia é o estado que mais desmatou Caatinga e Cerrado no país. E, além da seca, um outro processo vem preocupando a região: a desertificação. O alerta é de Sérgio Leitão, advogado, diretor-executivo do Instituto Escolhas. Em entrevista à Rádio Metropole nesta quinta-feira (19), ele apontou uma ausência de políticas de combate ao desmatemento e o agravamento da situação.
“Infelizmente essa ausência de políticas está hoje se traduzindo numa consequência ainda mais grave. Ou seja, se a seca que afeta o interior da Bahia, do Ceará, de todos os estados nordestinos já é uma coisa grave, mas que com o tempo a gente foi minimamente aprendendo a se defender, hoje você tem uma ameaça ainda maior, que é, como se continua desmatando a caatinga, aquilo que era uma situação que vai e volta, ou seja, a seca, agora tem um novo nome, que é a desertificação”, explicou.
Leitão, que foi diretor de campanhas e políticas públicas do Greenpeace por uma década, citou como exemplo a cidade baiana de Chorrochó, a 500 km de Salvador, considerado o primeiro município do Brasil identificado como uma zona árida. “Isso significa que é igual a um deserto, chove muito pouco e que chove é menor do que aquilo que a natureza pega de volta, que é a chamada evaporação. Quando isso acontece, o clima virou um clima de deserto”.
Segundo Leitão, o desmatamento no Nordeste brasileiro é uma constante desde a segunda metade do século XIX, quando houve na região a expansão da pecuária e do cultivo do algodão. Mas desde então vem se intensificando: a Bahia é o estado que mais desmatou essa vegetação, 42 mil km², o equivalente a 12% do estado, foi desmatado na Caatinga numa série histórica de 2001 a 2023. “A gente nasceu numa região que tem que aprender a conviver com a seca. Agora, o desmatamento e a desertificação, aí não tem perdão. É um pecado que a gente está cometendo, sabendo que não pode fazer”, alertou.
Para ele, os primeiros passos para uma mudança nesse cenário são: a capacitação técnica para que agricultores enfrentem esse desafio e se adaptem; investimento no lugar certo, mas, segundo Leitão, o dinheiro continua indo para quem acelera o processo de desmatamento; e a consciência da necessidade de modificar as práticas.
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