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"Cheguei ao fundo do poço": membro dos Jogadores Anônimos relata impactos devastadores do vício em apostas
Em entrevista à Rádio Metropole, participante do grupo de apoio em Salvador detalha trajetória marcada por dívidas, mentiras e tentativa de suicídio antes de iniciar recuperação
Foto: Ilustração/Canva Imagens
Membro do grupo Jogadores Anônimos em Salvador, identificado pelo nome fictício João, concedeu entrevista ao Jornal da Cidade, da Rádio Metropole, nesta quinta-feira (10), na qual compartilhou sua trajetória marcada pelo vício em jogos de azar e apostas esportivas. Sob anonimato, ele relatou como o jogo afetou profundamente sua vida financeira, emocional e familiar — e como a recuperação, iniciada há dois anos e meio, tem sido construída “um dia de cada vez”.
“Eu tenho parte da Irmandade já tem três anos, grupo de Jogadores Anônimos, mas meu problema começou há uns quinze anos atrás, onde eu já identifiquei que eu tinha algum problema com o jogo, através de jogos de cartas , e a coisa foi crescendo, tomando conta.”, relatou João. “E a minha derrota mesmo veio com a questão das bets, e não só a questão financeira que é importante falar, porque é a que mais dói no momento, mas não só a questão financeira, mas aquela questão do castelo de mentiras, os defeitos de caráter ficam muito aflorados e mentir para quem a gente mais ama.”
Ele explica que só entendeu a dimensão do problema quando chegou a um ponto de ruptura: “A gente sofre porque não sabe que é uma doença, e diante desse cenário todo eu cheguei a um fundo de pouso, que foi onde eu encontrei o grupo de jogadores anônimos, diante de muitas dívidas. Mentira para as pessoas que eu mais amava. Realmente destruidor o que o vício pode fazer e graças a Deus encontrei jogadores anônimos.”
Atualmente, João está há mais de dois anos em abstinência, mas segue frequentando os encontros. “Hoje eu estou há dois anos, seis meses e alguns dias sem jogar, mas como a doença é uma doença incurável, eu continuo voltando para a irmandade porque é justamente assim que eu consigo fazer a manutenção dessa minha recuperação.”
Ao falar sobre os impactos nas relações familiares, João revelou o peso das mentiras e da culpa: “Hoje eu sou casado, mas na época que eu tive o fundo do poço eu não era, morava com meus pais e como a doença é uma doença progressiva. Eu começava com pequenas apostas, e com o tempo o índice foi crescendo e eu comecei a tomar dinheiro com a Giotta para proteger essa questão dos momentos em que eu jogava. Eu mentia muito para os meus familiares, né? Me tornei aquela pessoa super enrolada, que não dava conta de resolver as coisas que eu prometia.”
Ele prosseguiu: “E acabei pedindo, nos últimos momentos eu pedia dinheiro emprestado para quem tivesse na minha frente e eu inventasse alguma história, entendeu? Então esse aí é o resultado final dessa doença. E em relação aos familiares, a gente fala, eu não cheguei a roubar, mas roubei muito tempo e muita saúde de meus pais. Roubei também muita esperança de dias melhores, mas graças a Deus hoje eu estou conseguindo um dia de cada vez.”
João também fez alerta sobre os riscos do vício não tratado: “A doença é progressiva, incurável e, se não tratada, é de término fatal. E o meu fundo de poço foi na minha tentativa de suicídio.”
Confira entrevista completa:
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