Bob Fernandes denuncia bastidores neoliberais por trás do impeachment de Dilma

A articulação política que levou ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016 tem raízes ainda mais profundas, ligadas à internacionalização do discurso neoliberal promovido pela Atlas Network. A organização, sediada nos Estados Unidos, atua na formação de lideranças e disseminação de um “novo neoliberalismo”, com linguagem mais sedutora e aparência modernizada. Segundo o jornalista Bob Fernandes, no programa Três Pontos nesta quinta-feira (17), esse processo remonta a 2013 e foi decisivo para moldar a conjuntura que favoreceu o avanço da nova direita brasileira.

"O encontro do Foro da Liberdade, que é uma coisa construída já na 28ª. Quando falavam do Foro de São Paulo, aquela fantasmagoria da esquerda, construíam o Foro da Direita, que é o Foro da Liberdade, na 28ª edição, e é do Instituto de Estudos Econômicos do Rio Grande do Sul. Lá, aquele documento que aparece em inglês é um documento da Atlas Network, dando instruções de como deveria agir. Procurar se alimentar, procurar financiadores, ir à televisão Globo, fazer campanha nos postos de gasolina, aquilo ali, três anos antes.", disse Fernandes.

Para fernandes, figuras como Aécio Neves, Eduardo Cunha e, mais tarde, Paulo Guedes e Sérgio Moro, estariam inseridas nesse tabuleiro articuladopor dos liberais e setores da mídia tradicional. Ele destaca que essa engenharia ideológica não se restringiu ao Brasil, estando profundamente vinculada à geopolítica dos Estados Unidos e a um projeto internacional de desmonte do Estado. A Atlas Network, neste contexto, aparece como peça-chave na construção de um discurso “neutro” e tecnocrático, que esvazia o debate político e transforma pautas ultraliberais em soluções técnicas e inevitáveis.

"Alejandro Schaffer, ele estava ali na Paulista, na passeata, na manifestação pela queda da Dilma. Ele aparece em vários outros episódios no Brasil. E no livro do Boaventura de Sousa Santos, a partir da matéria do Lee Feng Intercept, norte-americano, os dirigentes do Milênio comemoraram e disseram ‘nós fizemos um gol, nós derrubamos a presidente Dilma Rousseff’. Os personagens que são desses institutos dizem isso publicamente na época, não agora', concluiu, refletindo sobre como parte significativa da população aderiu a esse projeto, sem compreender seus verdadeiros objetivos. 

Confira o programa completo: