Rádio Metropole
Aos Fatos: PF cumpre mandados contra Bolsonaro e Tábata Amaral aponta dificuldade de comunicação da esquerda

Home
/
Notícias
/
Rádio Metropole
/
Não existe futuro democrático para o Brasil se não passar também pelas mulheres negras”, diz Lívia Sant’Anna Vaz
Promotora vai participar da Conferência Raízes da Resistência a Mulheres Negras na Luta por Justiça, que acontece na próxima segunda-feira (21), na sede do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA)
Foto: Metropress/Tais Lisboa
Promotora do Ministério Público da Bahia, Lívia Sant’Anna Vaz falou, em entrevista ao Jornal da Cidade desta sexta-feira (18), sobre a representatividade e o espaço da mulher negra nos centros de decisões e poder do Brasil. Para a promotora, um futuro democrático brasileiro não pode existir sem passar pelas mulheres negras.
“Nunca tivemos uma ministra negra no Supremo Tribunal Federal nem no Superior Tribunal de Justiça. As mulheres negras no Brasil são o maior segmento social, 28% da população brasileira e não ocupamos esses espaços. Temos na Assembleia Legislativa da Bahia a primeira mulher negra em toda a história da Casa. Então, realmente, nós precisamos falar de democracia e esse futuro democrático para o Brasil não virá se não passar também pelas mulheres negras”, afirmou.
Lívia foi reconhecimento pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das 100 afrodescendentes mais influentes do mundo em 2020 e chegou a ser cotada como uma das escolhidas para a última indicação do presidente Lula para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, que acabou sendo de Flávio Dino. Questionada sobre a escolha do presidente, a promotora afirmou que não há uma candidatura específica para a escolha do presidente, mas reconheceu que uma grande campanha dos movimentos negros por uma mulher negra.
Ainda sobre a falta de representatividade de mulheres negras, Lívia revelou que, quando jovem, queria ser jornalista, mas foi alertada pelo próprio pai sobre a falta de referências de mulheres negras. “No máximo, a gente tinha naquela época, Wanda Chase e Glória Maria. Em Salvador, a capital da África fora da África, a gente quase não tinha representação de pessoas negras, quiçá mulheres negras, na mídia televisiva. Meu pai perguntou: ‘você vai trabalhar na televisão? Onde é que você achou esse lugar? Onde é que você se vê?’. Então eu digo que a gente costuma querer ser onde a gente se enxerga. Hoje a gente avançou, mas a gente tem muito ainda que avançar”, contou a promotora. Foi o próprio pai de Lívia que a impulsionou a entrar na carreira jurídica. “Não que a área jurídica seja uma área mais fácil para mulheres negras, porque não é fácil em lugar nenhum num país tão sexista e tão racista quanto o nosso, mas foi uma área que me abriu caminhos e perspectivas de continuar um legado que é muito antigo”, pontuou.
Confira a entrevista na íntegra:
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.