Marcelo Ferraz critica mudança da sede da Prefeitura de Salvador: "é preciso gritar contra isso

O arquiteto Marcelo Ferraz  criticou, em entrevista nesta quinta-feira (28) à Rádio Metropole, a decisão judicial que obriga transferir a sede da Prefeitura Municipal de Salvador do Palácio Thomé de Souza. Em coletiva de imprensa, o  prefeito Bruno Reis (União Brasil) chegou a afirmar que a mudança para o Palácio da Sé deve ocorrer no início de 2026.

“As cidades são organismos vivos, então não há contradição", disse o arquiteto, rebatendo às críticas ao Palácio Thompe de Souza. "Qual é o grande argumento para se demolir um edifício moderno que hoje já é histórico? Ele já tem trinta e tantos anos ou mais, já faz parte da paisagem de Salvador. O edifício, perfeitamente projetado, colocado com delicadezae, está alinhado com o Palácio Rio Branco, completa a Praça dos Três Poderes, está no coração da cidade. Simbolicamente, isso é muito importante”, afirmou.

Para Ferraz, a retirada da sede da prefeitura do local atual representa um retrocesso. “É preciso gritar contra isso. A gente tem que pensar, porque senão a gente vai ficar só repetindo ou imitando coisas antigas e fazendo falso colonial, falso histórico e tudo mais”.

Ainda durante o Jornal da Bahia no Ar, Ferraz ainda destacou o trabalho conduzido por João Filgueiras Lima, o Lelé, arquiteto responsável pelo prédio, erguido em 14 dias. “Tem uma joia aqui de um dos arquitetos mais importantes, reconhecido internacionalmente como um grande inovador, que ousou inovar na arquitetura, fazer da arquitetura indústria, aquilo que deve ser para atender a grandes camadas da população, principalmente as populações de baixa renda. O mundo carece desse tipo de arquitetura, carece desse tipo de inteligência que foi o Lelé.”

Inaugurado em maio de 1986, durante a gestão do então prefeito Mário Kertész, o Palácio Thomé de Souza foi construído em aço e vidro em uma área de 2 mil metros quadrados, onde antes funcionavam um estacionamento e um jardim.

Confira a entrevista na íntegra: