Sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp

Home

/

Notícias

/

Rádio Metropole

/

Gonzalo Vecina comenta apagamento da tragédia do metanol na Bahia dos anos 90: “quem morreu era pobre”

Rádio Metropole

Gonzalo Vecina comenta apagamento da tragédia do metanol na Bahia dos anos 90: “quem morreu era pobre”

Gonzalo Vecina concedeu entrevista ao Jornal da Metropole no Ar desta segunda-feira (6)

Gonzalo Vecina comenta apagamento da tragédia do metanol na Bahia dos anos 90: “quem morreu era pobre”

Foto: Reprodução/Youtube

Por: Metro1 no dia 06 de outubro de 2025 às 13:21

Atualizado: no dia 06 de outubro de 2025 às 15:42

A tragédia provocada por bebidas adulteradas com metanol na Bahia, nos anos 1990, ainda ecoa no silêncio do apagamento histórico. No interior, mais de 60 pessoas morreram após consumir cachaça contaminada. Décadas depois, o problema ressurge em outro contexto. Durante o Jornal da Metropole no Ar desta segunda-feira (6), o médico sanitarista e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina, apontou que o boom de hoje vem porque o público mudou e, se no passado eram pessoas pobres, hoje, as elas moram em bairros nobres de São Paulo.

“Por que que esses dados são pouco conhecidos? Porque quem morreu era preto e pobre. Essa é a mudança que está acontecendo agora. Quem está morrendo é gente aqui do Jardins aqui em São Paulo. Os vendedores de bebida estão comprando bebidas falsificadas porque o lucro deles é maior. Essa é uma questão importante. O metanol é utilizado na indústria, é um solvente”, disse.

Vecina destacou que a falsificação de bebidas sempre existiu, mas a repercussão muda conforme o público afetado. Segundo ele, casos de metanol antes se restringiam a bebidas baratas, vendidas em copos plásticos e sem rótulo. Agora, o risco chegou às garrafas de luxo — uísques, gins e vodcas falsificados para consumo das classes mais altas, o que recoloca o tema na agenda pública e expõe a desigualdade até na morte.

“Metanol é utilizado na falsificação de cachaça para pobre, essa de um real a dose. E aí, não vira notícia, ninguém fica falando, ninguém fica sabendo. E passa, porque acabou a oferta daquele metanol baratinho e as pessoas que tinham que morrer, já morreram, eram todas pretas e pobres. Agora não, agora está complicado, porque de repente estão falsificando, estão colocando metanol em um uísque, em gim, em vodka, coisa que o pobre não consome, o pobre consome cachaça, e cachaça ruim ainda. Então, o que nós estamos assistindo é isso”, concluiu.

Confira a entrevista completa: