Janio de Freitas expõe política de extermínio em megaoperação no RJ: “Carandiru a céu aberto”

A megaoperação no Alemão expõe falhas crônicas da segurança no Rio, avalia Janio de Freitas. Durante o programa Três Pontos, nesta quinta-feira (30), o jornalista analisou a ação policial que deixou mais de 100 mortos e comparou o episódio à ocupação de 2010. Ele criticou a falta de planejamento e o uso político da violência por governadores em busca de visibilidade.

“Esse assunto não é abordável com facilidade, não. É muito chocante, é muito doloroso, mas surpreendente não é. É o desdobramento do que vem sendo feito longamente, apesar de se saber o que pode ser um modo de abordar com inteligência e eficácia esse problema imenso da criminalidade. Houve no Rio uma experiência que deu muito certo, em 2010, no Complexo do Alemão [...] Mas os políticos não têm interesse em tocar isso corretamente para frente. O espetáculo da violência é o que interessa a eles porque chama a atenção”, disse.

Para o jornalista, a megaoperação mostra o esgotamento de um modelo que insiste em tratar a pobreza como inimiga e a morte como solução. Freitas lembrou que as experiências bem-sucedidas de ocupação foram abandonadas por falta de vontade política, substituídas por ações midiáticas e de efeito imediato, que rendem manchetes e dividendos eleitorais, mas nenhuma mudança real.

“Esperar que isso aconteça mais uma vez, como aconteceu nos últimos dias, é lamentável. Só varia o número de mortos. Varia, ligeiramente, o mandante. em termos de categoria funcional, não varia. E nada a fazer. são carandirus de outra forma, Carandiru a céu aberto”, concluiu.

Confira o programa completo: