Albie Sachs relembra encontro com autor de atentado: “é mais importante que ele chore do que vá para a cadeia”

O ativista dos direitos humanos sul-africano Albie Sachs vai receber, nesta sexta-feira (12), o Título Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia. Ele liderou movimentos de oposição à segregação racial na África do Sul, onde foi perseguido, preso, torturado e proibido de publicar seus escritos. Em entrevista à Rádio Metropole nesta quinta-feira (11), Albie relembrou o atentado que sofreu e lhe tirou um braço e a visão de um olho. O ativista contou ainda como foi reencontrar o homem que instalou a bomba em seu carro. 

“Eu encontrei o homem que colocou a bomba no meu carro. Ele me telefonou, disse que ia na Comissão da Verdade. Encontrei com ele, meu coração batia forte. Conversamos muito e na hora de se despedir, geralmente eu aperto a mão das pessoas. Nessa ocasião, não apertei a mão”, contou Albie.

Um ano depois, Albie voltou a se encontrar com Henry, o homem que colocou a bomba no carro. “O encontrei numa festa, ele me chama: ‘Albie! Fui na Comissão da Verdade, contei tudo", relembrou.

Albie lembra que, nessa ocasião, apertou a mão de Henry, que saiu rindo. Depois o ativista ficou sabendo que seu mártir teria chorado por semanas em casa após o último encontro. “Não sei se foi verdade, eu quero acreditar que é. Pra mim, é mais importante que ele chore do que ele vá pra cadeia. Um assassino descobrindo a humanidade dentro de si. Inclusive aqueles que usam as armas em prol da liberdade, deveremos encontrar a humanidade dentro de nós e baixar as armas”, afirmou. 

Somente em 1990, quando seu partido foi legalizado na África do Sul, Sachs pôde voltar depois de 24 anos de exílio. Em seu país, ele trabalhou nos rascunhos da Declaração dos Direitos da África do Sul e foi um dos responsáveis pelas bases da Constituição pós- apartheid.

Confira a entrevista na íntegra: