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“A cicatriz fica na alma”, diz coordenadora do Nudem-BA sobre efeitos devastadores da violência psicológica
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“A cicatriz fica na alma”, diz coordenadora do Nudem-BA sobre efeitos devastadores da violência psicológica
Em meio ao registro de 1.492 feminicídios no país, Dra. Carolina Araújo diz que isolamento, humilhação e fragilidade emocional impedem mulheres de romper o ciclo de violência

Foto: Reprodução/Youtube
A coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem-BA), da Defensoria Pública, Dra. Carolina Araújo, destacou que a fragilidade emocional e o isolamento impostos pelos agressores são elementos centrais que mantêm mulheres presas ao ciclo de violência, contexto que ajuda a explicar os 1.492 feminicídios registrados no país em 2024. Em entrevista ao Metropole Mais desta quinta-feira (11) ela destacou que romper essa dinâmica é extremamente difícil. “A mulher que vive em violência, ela é psicologicamente muito fragilizada, né? Ela não tem autoestima, autoestima muito ruim, ela muitas vezes tem medo de sair de casa, ela não encontra apoio, assim, de uma forma geral, social, nem familiar, para poder se desvincular dessa situação.”
Carolina reforçou que o atendimento às vítimas precisa ser especializado, sensível e conduzido por equipes preparadas. “A abordagem para uma mulher que é vítima de violência tem que ser sensível e muito específica. As pessoas que fazem esse atendimento, esse acolhimento, precisam ser muito bem treinados para saberem como encaminhar e como orientar. [...] A gente ajuíza as ações de medidas protetivas, as ações de família [...] que tem a mesma a causa de pedir na violência.” Segundo ela, o Nudem assume todos os processos necessários para retirar a mulher do contexto de risco.
A defensora também relatou sua própria trajetória como sobrevivente de violência doméstica para ilustrar a dificuldade de reconhecer a gravidade da situação. “É muito difícil uma mulher se ver nessa situação porque ela está reconhecendo a situação de vulnerabilidade em que ela se encontra. Mesmo eu sendo defensora há tantos e tantos anos [...] para sair daquela rede foi difícil, entende? A violência psicológica, ela deixa causa danos assim que não tem como medir na vida de uma mulher. A cicatriz fica na psiquê, né? Fica na alma dessa mulher mesmo. Para ela se recuperar é muito difícil.”
Por fim, Carolina explicou sinais clássicos de abusos que podem evoluir para violência extrema, como humilhação, controle e isolamento, práticas que se escondem sob o cotidiano do relacionamento. “O homem pode praticar humilhações contra essa mulher, diminuí-la, dizer que ela não presta para nada, controlar que horas ela volta, que horas ela sai, com quem anda, as roupas que veste. Ele vai enredando a vítima numa situação de isolamento mesmo. E essa armadilha é que faz com que ela realmente não consiga enxergar.”
Confira na íntegra:
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