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'Estamos vivendo uma Torre de Babel com jeitão de Armageddom', diz neurocientista Sidarta Ribeiro sobre pandemia

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'Estamos vivendo uma Torre de Babel com jeitão de Armageddom', diz neurocientista Sidarta Ribeiro sobre pandemia

Na avaliação de cientista, faltou uma união mundial para atuar no combate ao coronavírus

'Estamos vivendo uma Torre de Babel com jeitão de Armageddom', diz neurocientista Sidarta Ribeiro sobre pandemia

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 12 de fevereiro de 2021 às 09:39

O neurocientista, biólogo, professor titular e vice-diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Sidarta Ribeiro, comentou o atual momento da pandemia de coronavírus, com alta de casos e uma possível terceira onda da Covid-19 em Manaus, uma das capitais mais atingidas pela doenças. Em entrevista a Mário Kertész hoje (12), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele afirmou que faltou ao mundo todo um combate unificado contra o vírus.

"Se fosse combatida de maneira uníssona no planeta, nós não estaríamos na situação muito complicada em que estamos. Se você entrar agora no Google e colocar 'mortes por Covid no planeta', vai aparecer uma curva que qualquer pessoa, não precisa ser cientista, médico, professor, jornalista ou uma pessoa que lida com fatos e números. Basta olhar para a curva e todo mundo vai perceber que nunca estivemos tão mal num nível global. Ou seja, a pandemia está longe de estar debelada", declarou Sidarta.

Ainda segundo o cientista, a forma como a população lidou com as medidas sanitárias não foi a mais adequada e só agravou a situação do vírus. De acordo com ele, as vacinas podem não ter a eficácia necessária para atuar contra as novas variantes do coronavírus. "Qualquer pessoa que teve a experiência de tomar antibiótico por menos tempo do que o que está escrito na bula, deve ter tido a ingrata surpresa de perceber uma volta da infecção por uma cepa resistentes. Isso é um fenômeno bem conhecido da microbiologia. No caso específico de SARS-COV-2, já são três variantes pelo menos. Uma é verde e amarela, saiu de Manaus, e as vacinas não são igualmente eficazes para todas as variantes", afirmou. 

"O Ocidente ficou rindo do Oriente e rindo sobre o uso de máscara. Quando vimos, o Ocidente foi muito mais afetado pelo vírus do que o Oriente. A gente não se uniu entre hemisférios, Norte e Sul, ricos não se uniram com os pobres, os brancos não se uniram com os pretos, homens não se uniram com as mulheres na pandemia e estamos vivendo uma Torre de Babel com jeitão de Armageddom", classificou. 

Sidarta Ribeiro avaliou como o governo brasileiro reagiu à pandemia e afirmou que a ineficiência do governo não seria vista em gestões anteriores. "Não consigo imaginar no governo Geisel a irresponsabilidade. Uma coisa é ser direita, esquerda, pobre ou rico. Essas variações na sociedade sempre existiram. Agora, essa incapacidade de funcionar como grupo, independente das cores político-partidárias, isso me assombra e me dá medo. Como diz a Natália Pasternak outro dia, a gente ainda pode dar um jeito do vírus ganhar. Quando mais a pandemia fica pior, mais as pessoas se acostumam à pandemia. A gente tem uma coisa muito louca que é a situação objetiva piorando e os cuidados que as pessoas tomam diminuindo", disse o neurocientista.

O cientista ainda pontuou a preocupação diante do surgimento de novas cepas do coronavírus em diferentes locais do mundo. "Está caminhando para uma seleção constante de mutantes mais transmissíveis. Está caminhando para a vacina não servir para cada nova cepa e as cepas ficarem mais transmissíveis, se espalhando mais rápido. É um cenário de pesadelo. 'Ah, você está sendo alarmista'. Não acho, basta olhar a quantidade de mortos no mundo. A gente não está reagindo com inteligência. Está reagindo com emoção. Quer porque quer, como crianças, que volte a ser como antes. As pessoas estão nos bares, conversando animadamente, sem máscara e achando graça", declarou.