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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Saúde

Com dívidas de R$ 1 bilhão, entidades filantrópicas protestam contra a crise

Entidades filantrópicas baianas, em especial as 100% SUS, correm o risco de suspender serviços essenciais na Bahia, devido ao subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e os atrasos nos repasses. Diante da realidade, o Hospital da Criança Martagão Gesteira e as Santas Casas de Misericórdia de Nazaré, Valença e Cruz das Almas lançam neste sábado (2), quando é celebrado o Dia do Hospital, uma campanha nas redes sociais. O déficit total de todas as Santas Casas baianas soma R$ 1 bilhão. [Leia mais...]

Com dívidas de R$ 1 bilhão, entidades filantrópicas protestam contra a crise

Foto: Divulgação

Por: Stephanie Suerdieck no dia 01 de julho de 2016 às 16:23

Entidades filantrópicas baianas, em especial as 100% SUS, correm o risco de suspender serviços essenciais na Bahia, devido ao subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e os atrasos nos repasses. Diante dessa realidade, o Hospital da Criança Martagão Gesteira e as Santas Casas de Misericórdia de Nazaré, Valença e Cruz das Almas lançam, em conjunto, neste sábado (2), quando é celebrado o Dia do Hospital, uma campanha nas redes sociais com um pedido de ajuda para que os valores repassados pelo SUS cubram o custo dos procedimentos realizados, assegurando à população o direito à saúde pública e de qualidade. O déficit total de todas as Santas Casas baianas soma R$ 1 bilhão.

De acordo com a assessoria dessas entidades filantrópicas, com a defasagem existente atualmente, as contas entre receita e despesa não fecham e o resultado é endividamento, demissões e atrasos de pagamento. O Martagão Gesteira possui mais de R$ 5 milhões em dívidas somente com fornecedores e médicos, que não recebem pagamento há meses. Além disso, o valor atual da dívida com a Caixa Econômica Federal é ainda maior: R$ 20 milhões. Em entrevista à Rádio Metrópole, nesta sexta-feira, o superintendente do Hospital Martagão Gesteira, Antônio Novaes Júnior, declarou que a situação é crítica.

Já a Santa Casa de Valença, que em 2015 realizou mais de 107 mil atendimentos, fecha com quase R$ 200 mil negativos todos os meses. Em Nazaré, a dívida da Santa Casa chega a R$ 5 milhões. Para piorar a situação, o caso mais crítico é o da unidade hospitalar em Cruz das Almas, fechada há dois anos, e que não consegue reabrir por falta de acordo com o Estado, mesmo tendo sido reformada e tendo um contrato firmado com a prefeitura local. Segundo os representantes das Santas Casas, o governo estadual até o momento não assinou documento para repasse de cerca de R$ 300 mil por mês para viabilizar o funcionamento da unidade. Mais de 350 mil pessoas, moradoras de Cruz das Almas e de municípios vizinhos, estão impedidas de receber atendimento.

Segundo o Secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, em 6 anos, o Estado dobrou os recursos alocados na saúde, passando de R$ 1,6 bilhão para R$ 3 bilhões por ano. No entanto, ainda de acordo com Vilas-Boas, a União está deixando de investir na saúde, transmitindo cada vez mais o ônus para o Estado. Diante da crise, nos últimos 10 anos, 48 Santas Casas fecharam as portas.

Valores

De acordo com as entidades filantrópicas, os dados dos valores repassados são alarmantes, já que apontam um subfinanciamento. Uma consulta especializada no mercado privado, por exemplo, é cobrada com o valor de R$ 90. Para um hospital público, a mesma consulta custa R$ 54, sendo que é repassado pelo SUS para os filantrópicos somente R$ 17, o que representa uma diferença de 70%. Quando se fala em valores de diárias de internamento em UTI, a realidade não é diferente: R$ 1,2 mil é o valor repassado pelo SUS para um custo de R$ 2,2 mil em hospitais públicos. Na rede privada a cobrança de R$ 3,5 mil.