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Psiquiatra alerta para 'pandemia da saúde mental': 'Vamos ter certamente uma convulsão social'

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Psiquiatra alerta para 'pandemia da saúde mental': 'Vamos ter certamente uma convulsão social'

Táki Cordás avalia vetores dos problemas psicológicos da população em meio à quarentena provocada pela propagação do coronavírus

Psiquiatra alerta para 'pandemia da saúde mental': 'Vamos ter certamente uma convulsão social'

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 14 de maio de 2020 às 10:09

Médico psiquiatra e professor universitário, Táki Cordás avaliou os riscos para a saúde mental provocados pela pandemia de coronavírus. Segundo ele, diante do isolamento e do medo de infecção pela Covid-19, boa parte da população vai apresentar sintomas psicológicos graves. "Os efeitos psicológicos e psiquiátricos de epidemias anteriores, como Ebola e Sars, no mundo mostraram que os efeitos sobre a saúde mental das pessoas é devastador. Pelo menos 2/3 das pessoas terão algum transtorno psiquiátrico ou transtornos dignos de nota. Insônia, irritabilidade, sintomas de depressão ou depressão, ansiedade, pânico e outros terão esses sintomas mais agravados ainda, precisando de ajuda", disse, em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (14)

"Existem relatos de pessoas que desenvolvem quadros traumáticos emocionais nesses períodos continuam tendo transtornos psiquiátricos até três anos depois de encerrada a pandemia", acrescentou. 

O especialista classificou como fundamental o papel do governo para tentar amenizar o impacto da pandemia na população. Segundo Cordás, as autoridades precisam apresentar ideias claras e direcionamentos contundentes. "Um governo esquizofrênico que bate cabeça, que diz uma coisa e depois diz outra, que se divide e se engalfinha, piora muito a saúde mental das pessoas. Essas pessoas estão brincando com a saúde mental do país, com a saúde econômica, com mortes e com tudo. Isso para quem não tem um transtorno psiquiátrico", avaliou. O médico acrescentou informações da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que aponta que 50% dos psiquiatras estão atendendo mais do que antes da pandemia; 70% das pessoas que tinham transtorno psiquiátrico recaíram e 90% das pessoas que estão em tratamento pioraram de suas doenças em função disso. "Num país absolutamente desigual como o nosso, imagina-se que depois disso, 20% das crianças não vão voltar a estudar porque vão ter que trabalhar precocemente ou não vão poder acompanhar o curso. Já temos uma pandemia de saúde mental daqui para frente", alertou.

Táki Cordás criticou a tentativa de classificar o debate sobre a economia como mais importante que a prevenção das mortes. "Não concordo com quem diz que saúde mental é problema social. Não é possível pensar saúde mental sem pensar na economia, na sociologia, em política e saneamento básico. Não é possível pensar saúde mental sem desvincular de tudo isso. Enquanto nós tivermos terra planistas no governo e gente de postura anticientífica, indivíduo que dá ordens por cima do ministro da Saúde e diz que manicure é questão de saúde pública, estaremos diante de psicopatas, pessoas com personalidade transtornada do ponto de vista psiquiátrico", declarou o profissional de saúde. 

"Existe um estudo da OMS avaliando as repercussões psíquicas e psiquiátricas sociais em três fases. A fase posterior à pandemia é uma fase de saques, de revoltas sociais e estamos na antessala da desgraça ainda. Vamos ter certamente uma convulsão social depois disso", acrescentou.