Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp >>

Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Home

/

Notícias

/

Saúde

/

'Desnudou a desigualdade social' do Brasil, diz pneumologista da Fiocruz sobre pandemia

Saúde

'Desnudou a desigualdade social' do Brasil, diz pneumologista da Fiocruz sobre pandemia

Questionada sobre a cura para a Covid-19, Margareth Dalcolmo lamenta, mas afirma que "não teremos vacina tão cedo"

'Desnudou a desigualdade social' do Brasil, diz pneumologista da Fiocruz sobre pandemia

Foto: Reprodução/YouTube

Por: Kamille Martinho no dia 03 de junho de 2020 às 13:59

A pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Margareth Dalcolmo, comentou hoje (3), em entrevista à Rádio Metrópole, sobre a conjuntura da pandemia do coronavírus no Brasil e como a doença evidenciou a discrepância entre as classes da sociedade do país no país, a exemplo da educação.

"A pandemia desnudou a desigualdade social do nosso país. E não é só o governo que deve auxiliar as pessoas, a iniciativa privada deveria ajudar nessa luta. Em março, eu pedi que empresas que fabricam perfumes passassem a fabricar sabão líquido e empresas que fabricam roupas passassem a fabricar máscara. Algumas aderiram a isso e milhares de máscaras foram entregues a comunidades", disse.

A médica acrescenta que a exclusão social se denuncia, sobretudo, na educação. Escolas optaram por aulas onlines, entretanto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet. "A desigualdade imposta de maneira brutal", comenta. "O ano [letivo] é totalmente atípico. Não diria perdido. As aulas por internet funcionam até certo ponto".

Questionada sobre a cura para a Covid-19, Margareth lamenta, mas afirma que "não teremos vacina tão cedo". "A [vacina] da Universidade Oxford, que é a mais promissora até o momento, tem previsão para ter sua última fase testada daqui a um ano", comenta. A médica lembra que, para comprovar a efetividade do remédio, se é segura e se protege, leva tempo.

"Na falta de qualquer alternativa, a cloroquina foi usada de início, mas isso foi abandonado. Cloroquina não diminuiu mortalidade, letalidade, tempo de terapia intensiva ou impediu que alguém fosse pra ventilação mecânica. Não há nenhuma comprovação médica de que esse remédio ou qualquer outro colocado, como a ivermectina, seja benéfico em alguma fase da doença. Essa politização de um assunto, que é de natureza estritamente médica, é altamente deletério ao brasil", desabafa.

Margareth completa dizendo que viveremos por muito tempo com o vírus e que 2020 é um ano muito comprometido. "Disrupção do sistema de saúde, a questão econômica e uma conduta terapêutica que seja capaz de interceptar a gravidade da doença. Isso não é um problema do Brasil, é do mundo. Sobre isso ainda não temos resposta".