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'Infodemia': reumatologista alerta para impacto da pandemia na Amazônia e cita 'invisibilidade'

Saúde

'Infodemia': reumatologista alerta para impacto da pandemia na Amazônia e cita 'invisibilidade'

Clínico-geral, João Alho comentou a situação dos povos indígenas por conta do avanço do coronavírus em aldeias e cidades mais pobres do norte do país

'Infodemia': reumatologista alerta para impacto da pandemia na Amazônia e cita 'invisibilidade'

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 08 de junho de 2020 às 13:08

Médico reumatologista e clínico-geral, João Alho comentou a situação da pandemia de coronavírus no norte do país. Em entrevista a Mário Kertész hoje (8), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole, ele ligou o alerta para que o restante do país pare de tratar os povos da Amazônia e município. "A gente sabe que na Amazônia nós temos uma invisibilidade. Por muito tempo, o resto do Brasil não enxerga a gente ou, quando enxerga, é de uma maneira enviesada. Vamos aos fatos: Manaus, que foi nossa primeira capital mais afligida, é o sexto maior PIB do Brasil. É um intenso fluxo de pessoas que viagem a negócio e a Turismo. Se você pega um voo para Manaus, eu desafio você pegar um voo que não tenha um europeu ou asiático", disse.

Ainda segundo o especialista, o país vive passa por um momento de propagação de desinformação a respeito do coronavírus. "A gente está vivendo uma chamada 'infodemia'. É muita informação ao mesmo tempo, muita informação sem qualidade e muitas fake news. Houve esse boato que nunca foi de confirmação de científica, de que o clima equatorial iria proteger da disseminação do vírus. Isso nunca foi uma realidade. Se a gente for pensar, não é a primeira vez que um coronavírus aflige a humanidade. Desse século a gente já teve uma epidemia no oriente médio em 2012 e uma na china e na coreia em 2003 por coronavírus, que foram a MERS e a SARS, respectivamente", declarou. 

A situação dos povos indígenas também foi abordada por Alho. Segundo o especialista, diante da interiorização da doença, o colapso da área de saúde se tornou mais evidente com a falta de capacidade de se garantir um atendimento de saúde igualitário. "A gente tem percebido, tanto como médico, mas também como cidadão, que já houve muitos casos de óbito em várias comunidades e nações indígenas, se já é difícil se chegar em uma cidade menor até Belém ou Santarém, imagina sair de uma aldeia indígena, para ir para uma cidade menor e daí ir para uma capital ou uma cidade de referência? Imagina também tentar convencer o povo tradicional, que tem sua cultura e sua forma de vida da importância do isolamento? A vida em comunidade e aldeia não é igual à nossa vida em que cada um fica em seu quartinho", afirmou. 

O médico também comentou como o país se porta diante da situação do norte brasileiro. Ele citou uma reportagem de um jornal paraguaio, que abordou o caos vivido pelos indígenas, e a falta de destaque da imprensa do sudeste do Brasil. "Um vizinho nosso da América do Sul tem uma visão que a gente mesmo não consegue ter e dar importância. Isso mostra nossa invisibilidade. Não sou descendente indígena tão diretamente, claro que todos somos. Sou branco, não tenho local de fala para isso, mas é impressionante a indiferença que as pessoas estão tendo, tanto para Amazônia como para os povos da Amazônia", disse.