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Um time modesto não tem direito de relaxar

Um time modesto não tem direito de relaxar

Lula Bonfim fala de oscilação no Bahia

Um time modesto não tem direito de relaxar

Foto: Felipe Oliveira / EC Bahia

Por: Lula Bonfim no dia 29 de outubro de 2019 às 12:50

O Bahia faz sua melhor campanha na história do Brasileirão de pontos corridos. Isso demonstra a evolução do clube nos últimos anos e a sua tendência crescente, como resultado de uma gestão profissional e competente. Óbvio que ainda é pouco e devemos todos torcer por mais. Porém, é preciso ter consciência de que as coisas caminham num passo de cada vez.

Ao mesmo tempo, a equipe conquistou apenas um ponto nos últimos 12 disputados em casa. Não é admissível. Mesmo que o clube estivesse brigando contra o rebaixamento. Sonhando com a Libertadores, então, piorou. Além disso, o próprio Bahia nos acostumou a sairmos vencedores da Fonte Nova nos três últimos anos. Sofríamos fora de casa, mas tínhamos confiança de que em casa os pontos necessários viriam.

O que gerou a queda de rendimento? Por quê logo nos jogos em casa? Penso nessas respostas desde que saí da Fonte no último sábado. Cheguei a algumas conclusões. Nenhuma parecida com reclamação por bicho, salário atrasado ou qualquer outra fake news divulgada por um (falso) “conselheiro” que só existe em áudios de WhatsApp. Muito menos tem relação com as ações afirmativas, que garantem ao Tricolor um enorme ganho de imagem e, portanto, dinheiro - que é o que faz time de futebol, se alguém não sabe. Então, se você procura uma teoria da conspiração ou um bode expiatório, não encontrará aqui.

O fato é que a gente sonha com Libertadores porque essa equipe se doou demais durante toda a competição. Jogou quase sempre no limite da motivação, da concentração e da sua condição física. Nosso treinador é bom e compreendeu as principais deficiências e qualidades do elenco, tirando o máximo dos jogadores. Isso permitiu que o Bahia ficasse 9 partidas sem perder, entre a 11ª e a 19ª rodada. A maior invencibilidade do Esquadrão na Série A nos últimos 33 anos. Nem o time bicampeão em 1988 alcançou tal feito.

Por outro lado, perdemos uma boa oportunidade de nos meter no G6 nas últimas rodadas, com derrotas em casa. Contra o Ceará, irreconhecível: desconcentrados e sem intensidade, fomos merecidamente derrotados. Tive a sensação de que, após o triunfo histórico contra o Grêmio em Porto Alegre, o time subiu no salto e achou que venceria o adversário a qualquer momento. Só que, no niveladíssimo Brasileirão, não existe jogo ganho e todo rival merece respeito.

A torcida sentiu a derrota. Não só a derrota, como a péssima atuação. E cobrou. Porque torcidas são assim. O elenco, ao invés de reagir, sentiu o peso da cobrança. Contra o Inter, adversário direto, um Bahia inseguro fez mais uma partida ruim e saiu derrotado. A Fonte Nova vaiou a torto e a direito. Vaiou até quem, pelo conjunto da obra, não merecia vaias. O artilheiro Gilberto não vive boa fase, mas merece toda a nossa compreensão e apoio.

O Bahia em si também merece nosso apoio pelo conjunto da obra. E certamente terá esse apoio, porque a Nação Tricolor é assim: cobra muito, mas também incentiva como poucas. Para isso, a equipe precisa rapidamente voltar aos eixos e mostrar que ainda deseja a classificação para a Libertadores.

A realização do sonho passa por não escalar Guerra, que não tem conseguido nos dar a intensidade necessária. Passa também por assumir o papel de protagonista nos jogos na Fonte Nova, com uma postura agressiva, pois é o que a torcida está acostumada a ver e o que ela precisa para voltar a fechar com o time. Além, é claro, de máxima concentração, em respeito a qualquer adversário.

Todos os times do Brasileirão relaxaram ou relaxarão em algum momento da competição. A maioria passou por uma fase ruim, com sequência de tropeços. Relaxar e passar impune é coisa rara. Poucos podem se dar ao luxo. O Flamengo, por exemplo, fez um jogo relaxado diante do CSA no Maracanã e quase perdeu pontos. Não perdeu porque tem uma equipe muito acima da média no futebol nacional. Já um clube pobre, como ainda é o nosso, só pode montar equipes modestas. E equipes modestas não podem relaxar. Quando relaxam, tropeçam.

Saudações tricolores!

*As opiniões colocadas neste texto não representam, necessariamente, a posição do Grupo Metrópole

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