Os Mantovani: ‘perdeu, mané’

Ao entrarem, há uma semana, no Aeroporto de Roma, os Mantovani eram apenas mais uma entre as muitas famílias brasileiras endinheiradas que vão à Europa fazer turismo no verão. Uma ira daqui, uma prepotência ou um rancor ideológico ali, ou, como dizem eles, um arroubo de emergente capaz de levar pessoas a ofender ou a bater por conta de uma cadeira acolchoada no privilégio de uma sala vip, e pronto: uma confusão das grandes estava feita, dessas com cacife para virar manchete e se desdobrar em caso para a Suprema Corte Federal, em investigação da Polícia Federal, necessidade de gastar os tubos com bons advogados e ter a vida, inclusive dentro dos celulares, devassada.

Após terem xingado, ofendido e acusado Alexandre de Moraes no aeroporto, segundo o próprio ministro, os Mantovani embarcaram em Roma como turistas e mal sabiam, durante as onze horas de voo até São Paulo, do tamanho do problema que já os esperava no desembarque, em São Paulo. Foram recepcionados pela Polícia Federal. Os acusados dizem que foi um pequeno entrevero pelo desejo de descansar numa sala vip de aeroporto. Por acaso um braço esbarrou num rosto. Por acaso uns óculos caíram, etc. O dono dos óculos é o filho do ministro e o resto todos já sabem no que deu. O advogado da família nega tudo e dobra a aposta na negação. Disse ao vivo à GloboNews que o próprio ministro agrediu o genro dos Mantovani chamando-o de bandido. 

Briga com os 11

Não são poucos nem de agora os casos em que, motivada por razões políticas e radicalismos ideológicos, gente surtada tem agredido e xingado autoridades, jornalistas e artistas em restaurantes, aviões, ruas, aeroportos, países estrangeiros e até em hospitais. Os ministros do STF têm sido alvo preferencial de ataques, no Brasil e no exterior. Sempre aparece um corajoso armado com um celular para provocar e constranger. 

O azar dos Mantovani em Roma parece estar na disposição da Corte de levar o episódio às últimas consequências policiais e jurídicas. Seja lá o que aconteça com a família, o caso deve servir para alertar os brasileiros, aqui ou no exterior, a pensar mais de uma vez antes de sair ofendendo um juiz do Supremo por ser juiz do Supremo. 

Dinheiro para pagar excelentes advogados, os acusados podem até ter. Mas nenhum advogado deve discordar da tese de que comprar briga contra os 11 ministros do STF de uma vez não é coisa boa. Divergências, os ministros têm muitas entre si. Mas, quando se trata de enfrentar um acusado de chamar um deles de bandido e de agredir fisicamente familiares, aí a sentença é certa e unânime: perdeu, mané.