
Ilusão Hollywoodiana
Donald Trump tem tem prestado um serviço involuntário. Está mostrando que, na verdade, os Estados Unidos são um país belicista em relação aos seus vizinhos, aliados e inimigos e, sobretudo, indiferente à sorte alheia

Foto: Reprodução
Eu tenho a impressão de que, por piores que sejam as coisas que Donald Trump tem feito ao mundo, ele tem prestado um serviço involuntário. Está mostrando que, na verdade, os Estados Unidos são um país belicista em relação aos seus vizinhos, aliados e inimigos e, sobretudo, indiferente à sorte alheia. E nesse sentido, o presidente norte-americano criou slogans muito sinceros e verdadeiros: “América primeiro” e “o resto que se dane”.
A utilidade de Trump é enorme para aqueles que não têm medo de ver e tomar posição a partir daquilo que concluem. O povo americano, do ponto de vista do mundo, é o resultado de Hollywood. Deliciosamente exibido, cantante, dançante,solidário, amigo, fraterno. E isso é justo. Esse foi o povo pintado internacionalmente. Seguramente há nos Estados Unidos uma parte da população que é isso mesmo, mas o que define o país e esse líder não são os traços desenhados pelo cinema americano. Trump está mais perto da verdade.
Basta ver o seguinte: Biden, por exemplo, era um adversário feroz como democrata - como pessoa, história, biografia - de Trump e dos republicanos. Mas ele foi o grande incentivador
da ação desenvolvida e mantida até hoje por Netanyahu pelas lideranças do Estado de Israel. Ele foi o incentivador de Zelenski e dos que decidiram evitar tentativas de negociação e entendimento com Putin e partir para a guerra. O resultado está lá. Era um bom americano, democrata, justiceiro, solidário, amigo, aliado e fez isso. Porque essa é a índole do poder americano e daqueles a quem os americanos levam para o poder.
O povo do Vietnã deixou como um símbolo do tempo de dominação americana a foto de uma menina despida, correndo e chorando por uma estrada. A sua roupa foi toda encoberta por uma gelatina, o napalm. Isso gruda na pele, na roupa e encandece todo corpo. Esse registro clássico simboliza o poder americano sobre o mundo, a América primeiro.
* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras
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