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Sábado, 02 de dezembro de 2023

Milicianos em liberdade e ninguém explica nada

Não se explica essas solturas, mas elas são decisivo na criação de uma instabilidade emocional na sociedade brasileira e de uma criminalidade que cresce e se organiza

Milicianos em liberdade e ninguém explica nada

Foto: Reprodução

Por: Metro1 no dia 09 de novembro de 2023 às 00:00

Nas últimas semanas, o Brasil protagonizou casos minimamente curiosos de falhas em seus sistemas penal e jurídico. A conversão da pena do miliciano Taillon Barbosa, a saída de um outro miliciano, Peterson Luiz de Almeida, pela porta da frente da cadeia, e a soltura de um chefe de facção na Bahia estiveram nos noticiários.

Eu não sei como essas coisas acontecem no Direito ou na parte penal, criminal do Judiciário. Mas, nesse caso, sinto que é a expressão de uma frequência imensa e inexplicável dessas solturas e liberações. Então, o sujeito [Taillon] pega oito, nove anos e fica seis meses preso, e aí sai, vai para casa, fica em prisão domiciliar e logo, em poucos meses, passa apenas a precisar dormir em casa e nem isso ele faz. Esse caso é particularmente escabroso porque os números são assustadores. A milícia a que ele dava a sua sapiência é assustadora, é imensa porque Rio das Pedras [no Rio de Janeiro] é uma comunidade gigantesca. A história dele e da milícia a que ele pertence são histórias assustadoras. Mas isso acontece e não tem nenhuma decorrência que explique porque esse é o tratamento dado a um condenado ligado a coisas tão assustadoras.

Não se explica, ninguém explica. A Vara Criminal não explica, o Conselho Nacional de Justiça não explica, o Conselho Nacional do Ministério Público não explica. E esse não explicar contínuo é justamente o caminho pelo qual tudo se repete. Nada é contido, nem explicado, mas é decisivo na criação de uma instabilidade emocional na sociedade brasileira e de uma criminalidade que cresce e se organiza, inventando novos processos de atividade criminal cada vez mais aprimorados do ponto de vista técnico, mais lucrativos do ponto de vista financeiro e mais seguro nas suas operações, por causa dessas falhas incríveis que não se explicam.

Isso é uma constatação só. Eu não sei explicar como é possível que isso aconteça e, no dia seguinte, não tenha uma manifestação do Conselho Nacional de Justiça, dizendo que vai verificar, que está inválida a decisão até o final de um exame dos motivos que geraram [a soltura do miliciano]. Não. Fica por isso mesmo e, quando muito, dão uma informação em um texto comprido, onde lá no meio você encontra uns dados cuja associação retrata esse processo degenerativo da prestação de Justiça e da prestação de explicações e justificativas ao povo brasileiro.

*A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às sextas-feiras