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Baixa dos Sapateiros precisa de um pouquinho de gentrificação

Baixa dos Sapateiros precisa de um pouquinho de gentrificação

A crise é um fato e toda a cidade deve se unir para pensar e gerir soluções para esta artéria tão importante construída sobre as águas do Rio das Tripas

Baixa dos Sapateiros precisa de um pouquinho de gentrificação

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 23 de novembro de 2023 às 00:00

Volta e meia alguém (inclusive você e eu) lamenta a situação da Baixa dos Sapateiros, que já não é mais aquela vistosa rua comercial de outrora. “Mas a Baixa dos Sapateiros nunca mais vai voltar a ser o que era, os tempos mudaram”, me disse um dia desses, com sabedoria, o agitador cultural Geraldo Badá, em plena J. J. Seabra, mais precisamente no restaurante O Amendoeira, que conheci através dele. Em meio a toda discussão, Badá prefere focar nos estabelecimentos que seguem dando certo no local, como a loja Beto Bolsas, a panificadora Paris e o próprio Amendoeira — super charmoso, o restaurante fica em frente ao Shopping Baixa dos Sapateiros e tem boa comida, preço bom e um clima gostoso, sempre ameno graças à amendoeira que lhe dá nome e às outras árvores dos fundos do Convento de São Francisco. Virei freguês do Amendoeira e recomendo a todo mundo!

Entendo a posição estratégica de Badá, de desviar da crise. Mas a crise é um fato e entendo também que toda a cidade deve se unir para pensar e gerir soluções para esta artéria tão importante construída sobre as águas do Rio das Tripas. E o meu palpite é que a Baixa dos Sapateiros precisa de um pouquinho de gentrificação para recuperar a saúde econômica. Explico: basear-se em comércio popular já não é estratégico, vez que os moradores de Liberdade, Cajazeiras, São Caetano, Periperi etc encontram os mesmos produtos perto de suas casas. Com a reformulação recente do transporte público, esse dado ganha ainda mais relevância. Portanto, acredito que parte das lojas da Baixa deve mirar nas classes-média e alta. E no turismo. Claro que nada disso é simples, numa cidade de população muito pobre e com traços culturais muito próprios. Mas, além do Amendoeira, que cumpre maravilhosamente o seu papel, ali tem que ter restaurantes que atraiam o funcionalismo do Fórum Ruy Barbosa, por exemplo. Bares na pegada do Velho Espanha. Lojas de celulares chiques. Ateliês de artistas, com aluguéis mais baratos que no Santo Antônio. E outras frescuras mais. Resumindo, uma gentrificaçãozinha de leve, que a gente controle na mão grande.

A turistada esticando do Pelourinho até Ada Tem de Tudo. Sapateiros especializados em Prada. Digaí o que você acha?

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