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Um hóspede do barulho

Um hóspede do barulho

É curiosa e até engraçada a explicação que eles deram, ou ele mesmo, que diz que ele não teria razões para buscar asilo em lugar nenhum

Um hóspede do barulho

Foto: Reprodução

Por: Metro1 no dia 28 de março de 2024 às 00:00

Na última segunda-feira (25), o jornal norte-americano The New York Times (NYT) divulgou imagens de câmeras de segurança que mostram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegando e circulando pelas instalações da embaixada da Hungria, em Brasília. O ex-mandatário esteve nos dias 12 e 13 de fevereiro, em pleno Carnaval e quatro dias após seu passaporte ser apreendido pela Polícia Federal. O jornal levantou a possibilidade de Bolsonaro tentar com a hospedagem se manter fora do alcance de uma prisão, já que embaixadas são protegidas por convenções diplomáticas.

É evidente que ele supôs que o Carnaval servisse à Polícia Federal para prendê-lo sem maior estardalhaço, sem maior risco de reações e agitação de evangélicos na rua. É curiosa e até engraçada a explicação que eles deram, ou ele mesmo, que diz que ele não teria razões para buscar asilo em lugar nenhum. Com isso, ele acaba de negar a perseguição afirmada nos comícios que segue fazendo pelo Brasil afora, para tentar reorganizar a agitação política e criminal no país.

Se não há razões, é sinal de que ninguém o persegue. Afinal essa perseguição seria um motivo mais do que justificável para que ele se tornasse um asilado. O interessante nessa história é que, sem a menor dúvida, foram os húngaros que liberaram os “filmecos” captados pelas câmeras de segurança da embaixada, que mostram o Bolsonaro chegando, andando com seus funcionários carregando travesseiro, colcha e máquina de café. O que ele foi fazer lá se não buscar asilo? Não há a menor dúvida.

Os húngaros trataram de liberar as imagens, escolhendo o canal a ser o difusor dessas imagens para o país, porque, do contrário, eles corriam o risco de um problema diplomático sério com o Brasil, sendo sujeitos à acusação de que estivessem se imiscuindo na política interna do país e protegendo pessoas que buscavam fugir da Justiça brasileira e do processo dos depoimentos por aí afora.

Os húngaros trataram de tornar pública e, com isso, mostrar estarem sendo procurados e não tomando a iniciativa de imiscuir-se em assunto político interno do país. Logo, tratou-se mesmo de um pedido de asilo na eventualidade de ter a casa visitada pela Polícia Federal para buscá-lo, caso em que não o encontraria, porque ele estaria em vias de pedir asilo à embaixada de um país da linha política próxima do bolsonarismo.

* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às sextas-feiras