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Apocalipse Now: Ivete precisa de um banho de folha

Apocalipse Now: Ivete precisa de um banho de folha

Devo esclarecer que, diferentemente de muitas pessoas, não achei a atitude de Ivete antipática ou sacrílega

Apocalipse Now: Ivete precisa de um banho de folha

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 23 de maio de 2024 às 00:00

Não queria falar disso não, mas, cá pra nós, desde que Ivete Sangalo fez a brincadeira lá com o apocalipse de Baby do Brasil, a coisa desandou pro lado dela. Primeiro, ainda no carnaval, o trio elétrico da cantora quase virou em pleno circuito, o que deu um susto gigantesco em todo mundo, incluindo a própria, e quase causou uma tragédia terrível. Depois, Ivetão, sempre saudável, casada com um renomado nutricionista, baqueou e ficou doente de pneumonia, precisando ser hospitalizada. Agora há pouco, sua turnê comemorativa de gloriosos 30 anos de carreira deu xabu. E, pra completar, uma foliã está processando a artista, alegando que quase morreu esmagada no bloco Coruja. Tá bom ou quer mais?

Para que não me confundam, devo esclarecer que, diferentemente de muitas pessoas, não achei a atitude de Ivete antipática ou sacrílega. Ao meu ver, ela reagiu com bom humor a um pedido um tanto inconveniente. Ao dizer que iria macetar o apocalipse, ela não se referia necessariamente ao evento bíblico, mas sim àquilo que Baby levou meio fora de hora para o meio do carnaval. Aliás, admiro Baby inclusive em seu lado religioso. Acho as coisas que ela diz, em geral, inteligentes. Mas ali, fiquei um pouco decepcionado ao ver que sua apreciação das canções foi superficial: ora, “Minha Pequena Eva” não é uma música menos pecaminosa, menos secular, menos “do mundo” que “Macetando”, só por adaptar ao tema romântico-radiofônico mitos bíblicos. Seja como for, o episódio reforçou a crença de muitos de que há certas coisas com que não se pode brincar. E a própria Ivete, na hora de dormir, deve associar um pouquinho que seja o fato com a maré de azar.

Desejo sorte à cantora. Uma reza, um mantra, uma oração, um banho de folhas podem ajudar. O cancelamento da turnê, no meio disso tudo, deve preocupar a todo o mercado da música baiana. Pois, se nem Ivete tá vendendo esses ingressos todos (o verdadeiro motivo da parada), significa que a coisa não está fácil. Pelo visto, o público brasileiro agora só lota estádios para ver gringos, sertanejo universitário ou em ocasiões raras, como o reencontro dos Titãs ou o de Caetano e Bethânia.

A turnê de 30 anos de Ivete não ganhou o tom de despedida nem de algo verdadeiramente épico. Digamos, apocalíptico. Ficou um pouco como mais um show. Pelo menos, essa é a explicação que dou a mim mesmo, para não viajar na maionese de que é tudo praga do além.