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Do fundo do poço ao fundo do baú
O que impressiona mesmo é que, quando se quer, o Brasil acha dinheiro onde (dizia que) não tinha
Foto: Reprodução
Minha mãe sempre me disse duas coisas, que eu faço questão de lembrar a cada ano eleitoral desde a implantação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), em 2017: 1 - Quem se abaixa demais, o fundo aparece. 2 - Tome cuidado com a turma do fundão. Pois bem, não sei o que é pior, ter as campanhas políticas patrocinadas por empresas privadas, que certamente vão querer sua pontinha de volta com juros e correção, ou ter que pagar a bandalheira toda com recursos públicos (isto é, com nosso suado dinheiro) que aumentam a cada ano para esse fim.
O Fundão Eleitoral é a comprovação de que, no Brasil, a dedada vem de todo lado. E não adianta encostar na parede…
Para se ter uma ideia, em 2021 os parlamentares aprovaram o envio de R$ 5,7 bilhões da União para financiamento de campanhas. Ou seja, para o fundão eleitoral. Recursos que serão utilizados (além daqueles não assumidamente voltados a esse objetivo, como as famosas emendas) para as propagandas dos mesmos parlamentares que aprovaram. E, como a gente tá cansado de saber, a tendência é que as “necessidades” dos partidos e dos cândidos candidatos aumentem a cada pleito. O que impressiona mesmo é que, quando se quer, o Brasil acha dinheiro onde (dizia que) não tinha.
Saúde, Educação, Segurança, Previdência… todos os serviços essenciais vivem de cuia na mão. Mas, quando é para o que interessa aos portadores das canetas, as reservas do fundo do colchão se mostram polpudas e volumosas. E quanto desses bilhões serão investidos naqueles satânicos santinhos que emporcalham as ruas nas famosas bocas de urna? Vale usar o recurso para impulsionar postagem no Instagram? Enfim, minha mãe me aconselhou mal, eu devia era entrar para a turma do fundão, e deixar de ser besta!
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