
Wagner Moura, tudo isso e mais um pouco!
Wagner é um case de gestão de carreira, elegância e respeito pela sua origem e seus colegas e amigos. O mesmo cara que frequenta premières no mundo inteiro passeia livremente por Salvador

Foto: Metropress
Todo mundo fala dele, é o ator do momento, ganhando prêmios, possível vencedor do Oscar, baiano raiz. E esse Wagner é tudo isso?
Conheci essa criatura quando fui convidado para montar Abismo de Rosas, lá pelos anos 90 e poucos, e precisava de um ator para fazer dois personagens diferentes, um cômico e outro dramático. Veio ele, jeito tímido, acanhado, fiquei com medo de não dar conta. No primeiro ensaio, me assustei, ele chegou com tudo, uma inteligência cênica impressionante. Pois é, a primeira coisa que chama a atenção nele é a capacidade de entender a lógica teatral e transformar isso numa performance impactante. Não deu outra, a peça fez sucesso e WM ganhou o Troféu Braskem de Revelação do Ano.
Daí não parou mais, fazendo escolhas precisas e sabendo pular fora do que não interessava. Explodiu no Sudeste com a montagem de A Máquina, do genial João Falcão, fez um JK digno e transformou Olavo no sucesso do país. Sua parceria com Camila Pitanga era química pura, carregando a novela nas costas. Aí para tudo, chega Capitão Nascimento, e Tropa de Elite vira uma das maiores bilheterias do cinema brasileiro.
Mas esse canceriano adora provocar e reverter expectativas. Monta Hamlet, personagem icônico da dramaturgia e topa fazer Praia do Futuro, com cenas gays que fizeram os fãs de capitão Nascimento abandonarem as salas de exibição gritando de revolta. Adorei ver a coragem, ousadia e a capacidade de correr riscos meticulosamente calculados.
Começa a desenhar uma carreira no exterior, sem delírios, e escolhe um personagem polêmico para estrear como diretor: Carlos Marighella. O filme fica pronto, os bolsominions fazem de tudo para derrubar as exibições e só conseguem chamar a atenção para WM e Marighella. Outras incursões como Pablo Escobar, o diplomata Sérgio Vieira de Mello... e o mundo começa a perceber a genialidade desse camaleão.
E daí, ele volta ao Brasil, monta O Julgamento, espetáculo impressionante e de quebra topa fazer O Agente Secreto, obra prima do pernambucano Kleber Mendonça. Daí o resto é historia...
Wagner é um case de gestão de carreira, elegância e respeito pela sua origem e seus colegas e amigos. O mesmo cara que frequenta premières no mundo inteiro passeia livremente por Salvador, visita e toca com amigos da Facom, numa normalidade assustadora. Pois é , WM é tudo isso e mais um pouco. Não subiu nas tamancas, não ficou pernóstico e pode ser considerado o grande ator desse início de século. Ponto final!
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