
Piquenique em cratera de vulcão
O Vitória parece ter um viés circense: crê piamente que não se foderá nunca, daí que, entra ano e sai ano, aposta no risco, brinca de fazer piquenique em cratera de vulcão

Foto: Metropress
Dos que trabalham em circo, diz-se que não se fodem nunca, o que se tem demonstrado uma falácia; é só conferir, na história das lonas e picadeiros, quantos já se deram mal nas artes de trapézios, arames, globos da morte ou jaulas de leão.
O nosso Leão, o Vitória, parece ter um viés circense: crê piamente que não se foderá nunca, daí que, entra ano e sai ano, aposta no risco, brinca de fazer piquenique em cratera de vulcão e, ao final do Brasileirão, periga sempre cair de divisão.
E isso já se deu da primeira para a segunda, da segunda para a terceira, vezes namorando até com a quarta, que o diga a sua torcida; que o testemunhe o emblemático Barradão, templo sagrado de inesquecíveis tardes e noites de cu no ponto, embaladas por uníssonos “eu acredito”. Falta só cunhar, oficialmente, ao escudo do clube, o que oficial já é na boca da galera: “O Vitória é pra quem acredita”.
E eu acredito, tanto que não deixo de ser Vitória nem que Deus mande. Mas também acredito que, se os que mandam mais que Deus no clube não mudarem radicalmente as formas de gerir o seu principal produto, o futebol, quem vai ter que acreditar que é de circo e dar-se ao incrível lazer de fazer piquenique em cratera de vulcão seremos nós, os eternos crentes das arquibancadas do Barradão. E haja furico de elástico às pregas, a contrair-se em estrepolias vitorianas de cai não cai, sobe não sobe, essa coisa doida que, até pra quem acredita em Papai Noel, é tarefa por demais doída.
Como fazer, juro que não sei, mas deve haver quem saiba nesse mundo de meu Deus. Vale, talvez, curiosar lá pelas bandas de Mirassol, pequeno burgo do interior de São Paulo, onde alguns boleiros refugados pelo Vitória e por outros maiorais sentaram praça e se deram bem que só vendo.
Quanto à minha premonição, aqui mesmo exposta, de que sairiam dos pés do Dudu Maluco os gols da salvação, se eles, de fato, não saíram, juro que eu, de tão crente, toda vez que ele entrava em campo, via as mãos de Deus a conduzi-lo nas mais geniais das jogadas, e as do Diabo, os dois sempre em conluio, a guiá-lo na direção de ir de com força às canelas adversárias e conseguir mais uma expulsão. As de Deus, foram mais fortes, e o meu maluquinho de estimação ganhou aplausos de um vero ídolo nas vezes que entrou em campo. Sem ele, sei não…
Asseguro: no domingo da Salvação, além do Dudu, até o Sobrenatural de Almeida, personagem do gênio Nélson Rodrigues, andou passeando por Canabrava!
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