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Imigrantes, Trump e jacarés

Sei que o Fluminense não ganhou a Copa do Mundo de Clubes. E é provável que não ganhe. Mas, passar do jeito que passou pela Inter, já valeu como prova de que a gente pode mais
Foto: Reprodução
Nelson Rodrigues certamente vibrou com a vitória do seu Fluminense, nesta segunda (30), sobre o Internazionale de Milão. 2 x 0 no placar. Vibrou sim, o profeta tricolor, afinal, como ele mesmo disse muitas vezes: "A morte não exime ninguém dos seus deveres clubísticos". Ainda mais ele e, especialmente, num momento como este nosso, onde quase todas as vozes nacionais mais uma vez se levantam contra nós mesmos, num narcisismo às avessas onde o prazer é cuspir na própria imagem. A derrota do Flamengo para o Bayern parecia confirmar o que os idiotas da objetividade vivem repentindo: "os europeus são tudo de bom, os brasileiros tudo de ruim". Mas aí, veio o Fluminense, o tricolor das Laranjeiras, time de Nelson Rodrigues, aquele que não só combateu impavidamente como até mesmo batizou o nosso "complexo de vira-latas", e pimba. Nada é por acaso.
E, por isso mesmo, copio aqui palavras de Nelson sobre outro triunfo do Flu, lá dos anos 1960, mas que caem muito bem agora: "Amigos, muita gente, domingo [segunda], teve vontade de chorar diante da maravilhosa vitória tricolor. E, aliás, não ficou só na vontade. Muita gente chorou lágrimas de esguicho. E não é para menos". Sei que o Fluminense não ganhou a Copa do Mundo de Clubes. E é provável que não ganhe. Mas, passar do jeito que passou pela Inter, poderosa vice-campeã da Champions League, para mim já valeu como prova de que a gente pode mais. Muito mais. Aliás, vamos destacar o mérito dos jogadores (John Arias, Thiago Silva, Fábio, Cano, Martinelli e companhia fizeram um partidaço!), mas é preciso falar de Renato Gaúcho, o técnico.
Enquanto se diz que os nossos treinadores estão ultrapassados, que o jeito brasileiro de jogar futebol é ineficaz e outras bobagens mais, Renato (o mais brasileiro dos treinadores contemporâneos) armou o time para vencer e venceu. Se adaptou. E ainda foi o típico boleiro nacional quando provocou o jogador adversário dando um peteleco na bola fora. O cartão amarelo que levou vale como bônus. Com certeza, Nelson Rodrigues faria dele o personagem da semana. Pois está feito!
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