
Entre proteger crianças e big techs
Parte dos parlamentares quer aprovar uma lei que obrigue as big techs a remover conteúdos expondo crianças, outra parte acha que isso é censura

Foto: Reprodução
Por um tempo, ainda iremos ouvir e ler muito o nome de Felca, o youtuber gamer que levou a outro patamar, com um vídeo, a relação dos pais com a publicação e publicização de imagens de filhos nas redes sociais. Aconteça o que acontecer com esse debate, ninguém saudável jamais verá do mesmo jeito imagens de bebês, crianças e adolescentes em fotos nas redes. A adultização de crianças, expressão que pouca gente já tinha ouvido falar há uma semana, pulou direto dos feeds para a pauta de debates no Congresso Nacional.
Adultizar uma criança ou adolescente não necessariamente tem a ver com sexualização, erotização precoce ou pedofilia. Aqueles vídeos em que meninas fazem cenas, caras e bocas em salões de beleza, lojas de maquiagem, rituais de skin care, exibem unhas de gel, roupas de grife mimetizando roupas de mulheres adultas, mesmo que seja um tailleur, e cenas de crianças coach ironizando a caducidade da escola e como ser empreendedor aos 12, 14, tudo isso é adultização. Tirar a criança da escola para trabalhar e ajudar na renda da família, comprometendo seu futuro, também é. A erotização e sexualização são só os pedaços mais feios e graves da coisa. Toda ela é maléfica.
Boquinha da garrada
E agora estamos submetidos a uma discussão asquerosa, na qual, embora parlamentares, homens e mulheres, não sejam claros sobre o que estão defendendo, estão mesmo é pesando o que ganham e o que perdem, pessoal e eleitoralmente, se adotam como prioridade a defesa da proteção às crianças nas redes ou o lobby puxa saquista dos interesses das big techs. São elas, as big techs, as donas das plataformas onde essas autoridades pintam e bordam todos os dias para se manterem relevantes, mesmo sem apresentar um projeto de lei sequer e se esforçando para não votar projetos importantes que dormem nas gavetas, porque essa é a intenção.
O que está em discussão no Congresso é isso. Parte dos parlamentares quer aprovar uma lei que obrigue as big techs a remover conteúdos expondo crianças e adolescentes (e não se trata aqui de conteúdo explicitamente erotizado). Outra parte acha que isso é censura. De que lado você está? Na Bahia, somos vanguarda, no sentido ruim da coisa. Quem nunca viu uma menina rebolando com indicador na boca, numa dessas coreografias que nasceram e se prolongaram a partir da boquinha da garrafa, ou mente ou vive em Marte.
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