
Vivaldo da Costa Lima - centenário esquecido
Essa é a Bahia contemporânea, mais esquecida, ingrata e omissa que a de décadas atrás, que já não era nenhuma flor que se cheirasse. Mas, aqui estamos para lembrar de Vivaldo

Foto: Reprodução
No último dia 10 de abril, o antropólogo Vivaldo da Costa Lima teria feito 100 anos. Sim, o autor de "As Famílias de Santo nos Candomblés Jejes-Nagôs da Bahia" nasceu em 1925 e morreu em 22 de setembro de 2010, por insuficiência cardiorrespiratória e renal, aos 85 anos. Muito antes dele, porém, parece que morreu a memória da Bahia. Nem sequer a UFBA, à qual Vivaldo prestou tantos serviços, agraciado com seu título de professor emérito, lembrou e emitiu uma notinha "quando nada". Devia ter aproveitado a oportunidade para fazer um grande simpósio-banquete. Nada. Essa é a Bahia contemporânea, mais esquecida, ingrata e omissa que a de décadas atrás, que já não era nenhuma flor que se cheirasse. Mas, aqui estamos para lembrar de Vivaldo, o professor que botou a mão na massa na fundação do Ipac e, a partir dele, capitaneou a revitalização do Pelourinho.
Aliás, Vivaldo teve a sabedoria de contratar para o órgão público diversos membros da comunidade, alguns atirados à marginalidade até então. E tantos deles ainda hoje são funcionários. Intelectual que frequentava as esquinas, as praias e gostava de jogar dominó, tomar uma cervejinha e comer bem, ele era muito rigoroso consigo e, por isso, publicou pouco. Após sua morte, no entanto, a editora Corrupio transformou em livros algumas de suas palestras e conferências e assim podemos ainda aprender com ele sobre a anatomia do acarajé, um boicote de africanas aguadeiras no Terreiro de Jesus do século 19, o significado de esquerda e direita no candomblé, várias questões linguísticas, etc. Considerado um exemplo de humanista por Pierre Verger, Vivaldo também recepcionou o casal Sartre e Simone de Beauvoir em sua famosa visita a Salvador.
Ainda há tempo, as instituições baianas têm obrigação de evocar o nome do professor Vivaldo da Costa Lima no ano de seu centenário. Viva Vivaldo!
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