
Uma Casa de tolerância ao intolerável
Os abusos que estão acontecendo na Câmara dos Deputados são exatamente por decorrência de uma falta de pulso para conter os comportamentos inconvenientes, impróprios, irregulares e às vezes ilegais, que têm partido do centrão e da direita

Foto: Reprodução
As cenas registradas na Câmara dos Deputados na semana passada com o motim dos parlamentares, em grande parte, se deve ao próprio Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Casa. Ele tem ficado no muro muito mais do que se esperava – e já se esperava que fosse muito.
Os abusos que estão acontecendo são exatamente por decorrência de uma falta de pulso para conter os comportamentos inconvenientes, impróprios, irregulares e às vezes ilegais, que têm partido do centrão e da direita mais despreparada para a vida civilizada. Eles exigem um tipo de previdência de Casa Legislativa que seja, no mínimo, sem compromisso algum com esse tipo de conduta que tem prevalecido no Congresso Brasileiro, particularmente na Câmara. O que temos tido na presidência da Câmara é exatamente o oposto.
Depois de Arthur Lira (PP-AL), que era nada mais nada menos do que o maior articulador dessas condutas do centrão, temos uma pessoa em quem quase que inexplicavelmente o governo depositou o seu apoio para assumir a presidência, mas que é alguém que, além disso, segue os caminhos ainda propostos por Arthur Lira.
Então o resultado só pode ser esse, um total descompromisso com as funções constitucionais da Câmara, um total descompromisso com os interesses do país e um jogo que os golpistas (disfarçados ou não) continuam promovendo pelo país a partir exatamente do núcleo político do setor onde se desenvolvem ou não se desenvolvem as medidas que conduzem o país em uma ou outra direção.
Houve uma época em que até se torceu para que houvesse coisas parecidas no Congresso. Era uma época em que isso poderia ser uma linguagem de afirmação e independência do Legislativo, uma linguagem de seriedade, de vontade, de democracia. Mas, depois que se obteve aquilo que então era só desejo, isso não se justifica, não se admite. Não se pode de maneira alguma ser tolerante com esse tipo de coisa. E o que mais se faz no Brasil é tolerar esse tipo de coisa.
* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras
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