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O homem no esgoto e a insegurança pública

O homem no esgoto e a insegurança pública

Nossa fama no quesito insegurança pública está crescendo e se associando a outras, como a da alegria, das praias bonitas

O homem no esgoto e a insegurança pública

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 14 de agosto de 2025 às 06:02

Diz a piada que a violência em Salvador anda tão retada que o bandido não grita mais "isso é um assalto", já chega avisando: "É outro". Esta é uma, digamos, piada interna, mas a nossa fama no quesito insegurança pública está crescendo e se associando a outras, que sempre nos caracterizaram, como a da alegria, das praias bonitas, da boa comida. Há pouco mais de um ano fui a Belém do Pará pela primeira vez. No Uber para o hotel, o motorista perguntou de onde eu vinha e, quando ouviu Salvador, fez cara de espanto: "Vixe, lá tá uma violência danada, né?". E esses dias, vendo um vídeo sobre o centro de São Paulo, tive que escutar do youtuber o seguinte: "Se a violência em São Paulo está assim, imagine em Salvador!!!". Pois é, justa ou injustamente, viramos paradigma. Obviamente, dados de segurança pública costumam ser maquiados e nem sempre dão a cara da realidade. Porém, a questão é que nosso caso corresponde à sensação cotidiana. E a cena do sujeito saindo do esgoto na Garibaldi essa semana, após trocar tiros com a polícia, reforça o filme de terror.

Logo em seguida, o governador Jerônimo Rodrigues anunciou que vai enviar projetos de Lei para a Assembleia, a fim de criar novos mecanismos de combate ao crime. E torço para que sejam exitosos. A cena do homem no esgoto em pleno centro da capital, no entanto, não me sai da cabeça e me faz lembrar que estamos longe ainda, em 2025, dos 100% de cobertura de saneamento básico, incluindo rede de esgoto, para a população. Assim como tenho pensado muito no abandono da Fonte da Munganga e outras fontes de água, conforme denunciei aqui mesmo, há duas edições do jornal. Podem parecer assuntos distantes, mas creio que são intimamente relacionados. Os sacizeiros que tocaram fogo no Comércio.

O dia a dia pede medidas urgentes. As audiências de custódia também me parecem um escárnio ao cidadão honesto de todas as classes sociais, especialmente os mais pobres. Praticamente todas as notícias de prisão dizem que aquele mesmo meliante já tinha sido preso pouco tempo antes. E provavelmente será novamente daqui alguns dias. Até a polícia cansa. Contudo, sem cuidar direito das matérias básicas da cidadania, incluindo educação e patrimônio, a Segurança Pública sempre estará no esgoto.