
Imigrantes, Trump e jacarés
Em tom sádico, Trump destacou a economia com segurança, já que ao invés de manter guardas e agentes vigiando os presos, os jacarés farão esse serviço, de graça

Foto: Reprodução
Em que mundo, senão em um filme futurista destes de roteiro ruim, para públicos pouquíssimo exigentes, imaginaríamos, nos Estados Unidos, um presidente inaugurando, feliz, um centro de detenção temporário para imigrantes ilegais, com dezenas de tendas e contêineres, com capacidade para cinco mil pessoas, no meio de um pântano e infestado de jacarés e serpentes? Nesta terça-feira, Donald Trump anunciou o empreendimento, chamando-o de Alcatraz dos Jacarés, numa referência à prisão de segurança máxima fechada no início da década de 60.
A perversão extrapolou a concepção do presídio, no sul da Flórida, numa região habitada por cerca de 200 mil jacarés, além de pitons, cobras venenosas e crocodilos, e foi transformada em humor sórdido oficial. Oral e imagético. Em tom sádico, Trump ressaltou o quanto o estado economizará financeiramente com segurança, já que ao invés de manter guardas e agentes vigiando os presos, os jacarés farão esse serviço, de graça. O discurso é claro. Não há caminhos para se chegar ao presídio, nem para sair, consequentemente, exceto de barco. Quem tentar fugir, será transformado em dieta de jacarés.
Musk deportado
Na página da Casa Branca nas redes, foi postada uma imagem em que Trump é ladeado por jacarés com bonés da ICE, a polícia de imigração dos Estados Unidos, com a legenda: MAKE AMERICA SAFE AGAIN! (sic, em caixa-alta e exclamação). E há mais detalhes que pioram os cenários. Nos contêineres, os imigrantes presos ficarão em cubículos de metal semelhantes a gaiolas, sob temperaturas insuportáveis e numa área com alta incidência de furacões.
Cortejar a insanidade mudou de patamar após as medidas de Trump em seu segundo mandato. Na mesma semana em que aparece ladeado por jacarés na função de agentes da ICE e ameaça imigrantes com o risco de serem devorados por jacarés, o presidente falou publicamente da possibilidade de deportar dos Estados Unidos o mais recente ex-amigo, Elon Musk, considerando-o como imigrante da África do Sul, independentemente da dupla cidadania. No contexto, ligar os pontos é quase automático. O meme trágico distópico emerge pronto: o dono da Tesla deve frequentar o imaginário de Trump como cardápio dos répteis da ICE do sul da Flórida.
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